Eneida - Cap. 9: Os troianos são Cercados Pág. 175 / 235

Sereno e confiante nas armas, Turno respondeu-lhe, sorrindo:

— Começa, troiano, e se tens coragem luta comigo. Assim poderás contar a Príamo, no Mundo das Sombras, que aqui também foi encontrado um Aquiles.

Pandaro, empregando o máximo da sua força, atirou-lhe então uma duríssima lança, cheia de nós. Juno, filha de Saturno, desviou o golpe e a arma cortou os ares sibilando e cravou-se na porta.

— Não escaparás, no entanto, como acabei de escapar, a esta minha laminar pois nem ela nem quem vibra agora este golpe, são como tu.

E, elevando-se nas pernas, alçou a espada e desferiu tremendo golpe na testa de Pandaro, cuja cabeça se abriu em duas. Ouviu-se um baque e a terra pareceu tremer. Tomados de pavor, os troianos afastaram-se em todas as direcções e, tivesse Turno a ideia de abrir as trancas dos portões e de chamar os companheiros, e aquele teria sido o último dia da guerra e do povo de Eneias. Mas o furor e a sede de sangue faziam-no avançar. Alcançou Faléris e Giges, decepando-lhes as pernas e em seguida perseguiu os que fugiam, cravando-lhes nas costas lanças arrancadas dos cadáveres. Juno dava-lhe forças e coragem sem par. E prosseguia atacando todos, prevenidos ou desprevenidos, que se lhe cruzavam à frente. Alcançou Linceia, que se dirigia contra ele e chamava os companheiros. A cabeça do troiano, decepada com um fortíssimo golpe, foi cair a muitos metros de distancia. Até mesmo Creteia — companheiro e amigo das Musas, cujo único deleite era tanger as cordas da lira, cantando em versas músicas suaves e os feitos brilhantes de batalhas inolvidáveis — caiu sob o seu ferro assassino.





Os capítulos deste livro