Eneida - Cap. 12: O Combate Final Pág. 228 / 235

— Ai de mim! — bradou o príncipe — que novos sons horríveis ouço subir da cidade laurentina? Porque um tal clamor enche os ares vindo de diversas direcções?

Assim pensando, parou o carro, desorientado, tomando as rédeas.

A sua irmã, não mais metamorfoseada no condutor Metisco, dirigiu-lhe a palavra:

— Fiquemos por aqui, caro Turno, persigamos os troianos nesta região, pois aqui a vitória está nas nossas máos. É só colhê-la. Outros na cidade saberão defender as suas casas. Eneias leva grande mortandade aos Talos. Paguemo-lo com a mesma moeda. Não nos retiremos com menos honras ou com menos guerreiros vencidos.

— O minha irmã, desde há muito te reconheci, quando Bolaste o tratado de paz e te intrometeste nos negócios da guerra. Mas agora, em vão, como deusa me enganas. Mas quem te permitiu saíres do Olimpo e vir ver esta carnificina e a morte de teu infeliz irmão? Agora, tudo está perdido, pois fomos abandonados pelos deuses, mas juro por todos eles que não morrerei cobarde. As aleivosias de Drances ainda me são farpas no coração, apesar de todos os meus guerreiros saberem que fui afastado da peleja por artes da ardilosa Juno. Esta terra nunca verá Turno fugindo aos seus inimigos. A morte não é tão horroroso para que barganhemos a vida pela honra. Vós, ó sombra de meus antepassados, sede-me propícias e recebei-me de alma pura. Não vos envergonharei!

Surgiu-lhe então à frente o guerreiro Saces, levado pelo cavalo a galope por entre os inimigos, com o rosto ferido por uma seta. E implorou a Turno:

— Ó príncipe, em ti reside a nossa última esperança e salvação. Compadece-te dos teus. Neste mesmo momento, Eneias ataca e força os portões, ameaçando arrasar a cidade e escravizar o povo. Os archotes inflamados chovem já sobre os tectos e é para ti que estão voltados os corações dos latinos.





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