Mas o justo, chegando à meta extrema,
Que separa de nós a eternidade,
Transpõe-na sem temor, e em Deus exulta.
O infeliz e o feliz lá dormem ambos,
Tranquilamente: e o trovador mesquinho,
Que peregrino vagueou na Terra,
Sem encontrar um coração ardente
Que o entendesse, a pátria de seus sonhos,
Ignota, por lá busca; e quando as eras
Vierem junto às cinzas colocar-lhe
Tardios louros, que escondera a inveja,
Ele não erguerá a mão mirrada,
Para os cingir na regelada fronte.
Justiça, glória, amor, saudade, tudo,
Ao pé da sepultura, é som perdido
De harpa eólia esquecida em brenha ou selva:
O despertar um pai, que saboreia
Entre os braços da morte o extremo sono,
Já não é dado ao filial suspiro;
Em vão o amante, ali, da amada sua
De rosas sobre a c’roa debruçado,
Rega de amargo pranto as murchas flores
E a fria pedra: a pedra é sempre fria,
E para sempre as flores se murcharam.