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Capítulo 3: A ARRÁBIDA

Página 48
férvidos ginetes, que alevantam

O pó e o lodo cortesão das praças;

E as gerações corruptas de teus filhos

Lá se revolvem, qual montão de vermes

Sobre um cadáver pútrido! Cidade,

Branqueado sepulcro, que misturas

A opulência, a miséria, a dor e o gozo,

Honra e infâmia, pudor e impudicícia,

Céu e Inferno, que és tu? Escárnio ou glória

Da humanidade? O que o souber que o diga!

Bem negra avulta aqui, na paz do vale,

A imagem desse povo, que reflui

Das moradas à rua, à praça, ao templo;

Que ri e chora, e, folga, e geme, e morre,

Que adora Deus, e que o pragueja, e o teme;

Absurdo misto de baixeza extrema

E de extrema ousadia; vulto enorme,

Ora aos pés de um vil déspota estendido,

Ora surgindo, e arremessando ao nada

As memórias dos séculos que foram,

E depois sobre o nada adormecendo.

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pág. 48 (Capítulo 3)

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Capa do livro A Harpa do Crente
Páginas: 117
Página atual: 48

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A SEMANA SANTA 1
A VOZ 32
A ARRÁBIDA 35
MOCIDADE E MORTE 56
DEUS 71
A TEMPESTADE 76
O SOLDADO 82
D. PEDRO 92
A VITÓRIA E A PIEDADE 96
A CRUZ MUTILADA 106