Maldito era o triunfo,
Que rodeava o horror,
Que me tingia tudo
De sanguinosa cor!
Então olhei saudoso
Para o sonoro mar;
Da nau do vagabundo
Meigo me riu o arfar.
De desespero um brado
Soltou, ímpio, o poeta,
Perdão! Chegara o mísero
Da desventura à meta.
VI
Terra infame! — de servos aprisco,
Mais chamar-me teu filho não sei;
Desterrado, mendigo serei;
De outra terra meus ossos serão!
Mas a escravo, que pugna por ferros,
Que herdará desonrada memória,
Renegando da terra sem glória,
Nunca mais darei nome de irmão!
Onde é livre tem pátria o poeta,
Que ao exílio condena ímpia sorte.
Sobre os plainos gelados do norte
Luz do Sol também desce do céu;
Também lá se erguem montes, e o prado
De boninas, em Maio, se veste;
Também lá se meneia o cipreste
Sobre o corpo que à terra desceu.