Eu, de olhos desencantados,
A elas, como as eu via!
Meus entusiasmos passados,
Oh! como eu deles me ria!
Frio o sarcasmo saía
De meus lábios descorados,
E sem dó e sem pudor
A todas falei de amor...
Do amor bruto, degradante,
Que no seio palpitante,
Na espádua nua se acende...
Amor lascivo que ofende,
Que faz corar... Elas riam
E oh que não, não se ofendiam!
Mas a orquestra bradou alta:
«Festa, festa! e salta, salta!»
Os seus guizos delirantes
Sacode louca a Folia...
Adeus, requebros de amantes!
Suspiros, quem nos ouvia?
As palavras meias ditas,
Meias nos olhos escritas,
Voavam todas perdidos
Dispersas, rotas no ar;
Que se foram almas, vidas,
Tudo se foi a valsar.
Quem é esta que mais voltas
Gira, gira sem cessar?
Como as roupas leves, soltas,
Aéreas leva a ondular
Em torno à forma graciosa,
Tão flexível, tão airosa,
Tão fina! - Agora parou,
E tranquila se assentou.