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- Perdão; não venho exigir; venho pedir.
O Major hesitou um momento na resposta que devia dar; passou a mão pelas barbas grisalhas e respondeu:
- Se vem pedir, o caso é diferente... Todavia, por mais que o senhor me diga isto, me parece uma farsa, e acabemos com ela, eu não posso por modo algum faltar à minha palavra já comprometida com outra pessoa.
- E a senhora D. Lúcia?... não conta com ela? desculpe-me a pergunta.
Dizendo isto, Elias fitava os olhos em Lúcia.
- Não posso deixar, - respondeu o Major, - de estranhar o desembaraço com que o senhor se intromete nos negócios de minha família; contudo devo declarar-lhe...
O Major ia responder que sim; mas Lúcia fixou-lhe um olhar, que parecia dizer-lhe: não minta. O Major prosseguiu algum tanto embaraçado:
- Devo declarar-lhe que ela, infalivelmente, dará o seu consentimento; tenho disso certeza.
Elias olhou para Lúcia; esta lhe fazia com a cabeça um sinal negativo.
- Que certeza tem disso, senhor Major? Já a consultou?
- Tenho toda a certeza. Demais, já que começamos a explicar- nos com toda a franqueza, continuemos da mesma sorte: não desfazendo em nenhuma outra pessoa, o noivo a quem destino minha filha é um moço muito distinto, ativo e inteligente, e já possui alguma coisa; aqui pela Bagagem não conheço outro que esteja em melhores, nem mesmo em iguais condições. Poder-se-á dizer outro tanto desse que a pretende, e que julgais com mais direito de que o outro? Estamos pobres como sabe; por mim, que já pouco tenho a viver, pouco me importaria a pobreza. Mas custar-me- ia muito resignar-me a ver minha Lúcia sofrer as privações da pobreza, podendo dar-lhe uma posição mais cómoda e brilhante na sociedade. Seria uma crueldade que nunca me perdoaria a mim mesmo.