O Garimpeiro - Cap. 2: II- A CAVALHADA Pág. 19 / 147

Mas Elias se desvencilhara, e estava prestes a montar de novo; mas seus companheiros não queriam consentir; ele porém insistiu vivamente até que um pajem, vindo a toda pressa do palanque do Major, veio pedir-lhe por parte deste e de sua filha Lúcia que não corresse mais naquele cavalo.

- Sinhazinha teve tamanho susto, que ficou fora de si, e quase caiu - disse o pajem.

Ao saber que Lúcia tinha desmaiado, Elias teve ímpetos de matar ali mesmo o cavalo a lançadas e correr aos braços dela; mas ao mesmo tempo não podia deixar de abençoar do íntimo d’alma aquele incidente, que viera revelar de modo tão positivo o grau de interesse que inspirava à jovem e gentil roceira.

O jovem fluminense, que nunca largava a companhia do Major, estava em seu palanque.

- Oh! minha senhora - exclamou ele com certo despeito ao ver o susto e inquietação de Lúcia - não vale a pena tomar tanto cuidado pelo pobre rapaz. Deixa-o; está no seu torneio; e, se aqui não se quebram lanças, nem rompem-se couraças em honra das amantes, ao menos quebram-se as costelas no chão. É resultado do entusiasmo cavalheiresco.

Lúcia apenas respondeu com um olhar de desprezo.

Elias mudara os arreios para outro cavalo e as corridas continuaram. Ele ostentou-se sempre o mais garboso e mais hábil cavaleiro.

Chegou a hora da corrida de cabeças.

São cabeças de papelão colocadas sobre quatro postes nos cantos, e uma quinta no meio da arena. Os cavaleiros, volteando a arena a galope, cada um por sua vez tem de enfia-las na ponta da espada; é este último passo o mais difícil, e em que poucos são felizes.

Elias, quando largou a lança, tinha nela enfiadas todas as quatro cabeças.

Depois em vez de desembainhar a espada como os outros, viram- no abrir





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