Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 1: I- A FAZENDA

Página 3

No fundo do quintal que era um vasto vergel de árvores frutíferas plantadas promiscuamente e sem simetria alguma, corria o córrego, que descia das alturas vizinhas sempre fresco e cristalino, à sombra de espessos e viçosos capões. Do outro lado, pela beira do córrego, corria uma orla de capoeira inculta e emaranhada.

Em certo lugar o riacho, como que fatigado de correr e retouçar por entre as pedras, vinha espreguiçar-se e adormecer em um largo e cristalino tanque, em cujas bordas havia uma linda vargenzinha toda alcatifada de rasteiro e mimoso capim. Era ali a fonte e o coradouro em que as escravas da casa costumavam lavar a roupa. Ali também a filha do Major, a formosa e interessante Lúcia, costumava trazer, nas horas de sesta, a sua cestinha de costura, e junto com Júlia, sua irmãzinha de nove anos, assentada no gramal à sombra de uma moita de arbustos, trabalhava cantarolando alguma singela copla, ou conversando com as escravas.

- Joana, tu não queres ir à vila agora pelas festas do dia 7 de setembro?

- Sinhazinha vai?

- Eu hei-de ir por força; há parada, papai é Major, não pode deixar de ir, e bem vês que não pode deixar-nos aqui sozinhas.

- E então? Como é que sinhazinha há-de ir sem sua negra? Quem é que há-de lhe lavar e engomar os vestidos, pentear seu cabelo, e fazer o mais preciso? Sinhazinha cuida que há-de perder festa; só se me amarrarem... já estou velha: é preciso aproveitar o meu tempo.

- Hás de ir, Joana, não tenhas cuidado, não posso passar sem ti... A festa dizem que vai ser muito arrojada; temos de lá ficar uns oito dias. Há cavalhadas, Joana.

- Cavalhadas! Ainda mais isso! Que bom! E eu que sou doida por cavalhadas! Não pode haver brinquedo mais bonito. Há quanto tempo não há disso por aqui! Esta terra já não é o que era dantes.

<< Página Anterior

pág. 3 (Capítulo 1)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 3

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137