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Capítulo 8: VIII – ELIAS

Página 70
.. semelhante ideia lhe repugnava... derramar o sangue de uma fraca mulher é a mais infame das cobardias, o mais monstruoso dos atentados. Desprezá-la?... mas o desprezo só é um castigo, quando recai sobre pessoa que nos ama, e Lúcia! exclamava o infeliz estorcendo-se em ânsias de desespero, Lúcia não me ama; Lúcia nunca me amou; senão, jamais se teria tão facilmente esquecido de mim para se entregar a outrem. E assim não há remédio! nem o consolo da vingança me é dado! e a vítima de todos estes embustes e perfídias serei eu, somente eu! Elias foi interrompido em suas febris maquinações por seu hóspede, que lhe trazia o vinho quente, enquanto uma escrava lhe preparava a cama em uma alcova imediata à sala. Depois de trocarem algumas palavras banais, o negociante julgou conveniente deixa-lo só, visto o seu incómodo de saúde, e depois de tê-lo cuidadosamente deitado em seu leito despediu-se recomendando-lhe que se abafasse bem.

Apenas porém o moço achou-se só, arrojou para longe de si coberturas e lençóis, saltou fora da cama, e começou a passear a passos precipitados ao comprido da sala. Assim passou grande parte da noite com a ideia de sua desgraça a devorar-lhe o cérebro, e a fustigar-lhe o coração.

Por fim, à força de pensar, ou antes, à força de delirar, começou a duvidar da realidade de seu infortúnio; achou que tinha sido demasiado leviano em dar tão depressa inteiro crédito às palavras do negociante, e apelou para o dia seguinte.

Embalado nessa dúvida consoladora, que o céu como que lhe enviara para dar algum repouso à sua imaginação tresvairada, adormeceu quando os galos já começavam a amiudar seus cantos.

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pág. 70 (Capítulo 8)

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Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 70

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137