XXIII - Depois de ter recebido os reféns, conduz o seu exército para a costa e encontra os navios reparados. Mandou lançá-los à água e, como trazia grande número de prisioneiros e como muitos navios se tinham perdido na tempestade, decide levar o seu exército em duas travessias (102). E quis a sorte que de tantos navios e em tantas travessias, nem neste ano, nem no anterior, nenhum dos navios que transportavam soldados se perdesse; mas daqueles que lhe foram enviados vazios do continente, depois de terem desembarcado os soldados da primeira travessia, ou dos sessenta navios que Labieno mandara construir após a partida da expedição, muito poucos chegaram ao destino, quase todos deram à costa. Depois de os ter esperado em vão durante bastante tempo, César, temendo ver-se impedido de navegar na sazão, porque se aproximava o equinócio, foi obrigado a amontoar os seus soldados, muito apertados, e tirando partido de uma calma ria que se seguiu, levantou âncora pelo começo da segunda vigília e alcançou terra pelo nascer do dia, sem ter perdido um só navio.
XXIV - Mandou pôr os navios em seco; e dirigiu a assembleia dos Gauleses em Samarobriva; como a colheita desse ano fora pouco abundante por causa da seca, foi obrigado a organizar a invernagem do seu exército de modo diferente dos anos anteriores e distribuir as suas legiões por um maior número de Estados: enviou uma para os Mórinos, às ordens do lugar-tenente Caio Fábio; outra para os Nérvios, com Quinto Cícero; uma terceira para os Esúbios com Lúcio Roscio; uma quarta recebeu ordem de invernar nos Remos, na fronteira dos Tréviros, com Tito Labieno; colocou três entre os Belóvacos, sob o comando do questor Marco Crasso e dos lugares-tenentes Lúcio Munácio Planco e Caio Trebónio.