começou uma revolta súbita e uma defecção provocadas por Ambiorix e Catuvolco; estes reis, que começaram por vir às fronteiras do seu país para se porem à disposição de Sabino e de Cota e lhes enviaram trigo para os seus quartéis de Inverno, solicitados depois por enviados do tréviro Induciomaro, sublevaram os seus súbditos, caíram de repente sobre os nossos abastecedores de madeira e vieram em grande número atacar o acampamento. Os nossos empunharam rapidamente as armas e subiram ao entrincheiramento, enquanto os cavaleiros espanhóis, saindo por uma porta, travavam com êxito um combate de cavalaria; os inimigos, desesperando de vencer, retiraram as suas tropas; depois, soltando grandes gritos, segundo o seu costume, pediram que alguém dos nossos avançasse para conversações: tinham para nos fazer certas comunicações de interesse comum e acreditavam ser de natureza a apaziguar o conflito.
XXVII - É-lhes enviado para conferenciar Caio Arpineio, cavaleiro romano, amigo de Quinto Titúrio, e um certo Quinto Júnio, espanhol, que tivera já várias missões de César junto de Ambiorix. Ambiorix disse-lhes o seguinte: «Reconhecia que devia muito a César pelos seus favores; graças a ele fora libertado do tributo que habitualmente pagava aos Atuatucos, seus vizinhos; e fora César quem lhes restituíra seu filho e o filho de seu irmão, que enviados como reféns aos Atuatucos, foram mantidos em servidão e em cadeias. Quanto ao ataque do campo, não agira por sua própria opinião ou sua própria vontade, mas sob o domínio do seu Estado, sendo tal o seu poder que a multidão tinha tanto direito sobre ele quanto ele sobre a multidão. O Estado só pegara em armas pela impossibilidade de resistir à conjura súbita dos Gauleses. A sua própria fraqueza disto era prova, porque não era tão destituído de experiência que se julgasse capaz de vencer o povo romano apenas com as suas forças.