Tal como não lhe era permitido penetrar nas nossas fronteiras, assim nós éramos injustos perturbando-o no exercício do seus direitos. Quanto ao título de irmãos que o Senado, dizia César, dera aos Éduos, ele não era tão bárbaro nem tão destituído de experiência para ignorar que, na última guerra dos Alóbroges, os Éduos não levaram socorro aos Romanos e também não receberam auxílio do povo romano nas suas disputas com ele e com os Sequanos. Havia motivo para suspeitar que Cesar, sem deixar de se dizer seu amigo, tinha um exército na Gália só para o perder. Se não se afastasse e não retirasse as suas tropas desta região, ele tratá-lo-ia não como amigo, mas como inimigo; se o matasse, faria coisa agradável a muitos nobres e chefes políticos de Roma, como soubera pelas mensagens daqueles dos quais, pela sua morte, teria o favor da amizade. Mas se se retirasse e lhe deixasse a livre posse da Gália, ele lhe testemunharia o seu grande reconhecimento encarregando-se das guerras que quisesse empreender sem que César se expusesse à fadiga e ao perigo.»
XLV - Longas explicações foram dadas por César, que lhe mostrou como não podia desistir da sua empresa: «Não estava nos seus hábitos nem nos do povo romano resignar-se a abandonar aliados muito merecedores e por outro lado não pensava que a Gália pertencesse mais a Ariovisto que ao povo romano. Os Arvernos e os Rutenos foram vencidos por Quinto Fábio Máximo (36) e o povo romano tinha-lhes perdoado sem reduzir o seu país a província nem lhes impor tributo. Se se tinha de olhar aos direitos de antiguidade, o domínio do povo romano sobre a Gália era muito justificado; se era preciso observar a decisão do Senado, a Gália devia ser livre, pois quisera que, vencida na guerra, conservasse as suas leis.