A aritmética há de perseguir-me além da morte!
Atemos o fio.
Os manuscritos de Silvestre careciam de ser adulterados para merecerem a qualificação de romance. É coisa que eu não faria, se pudesse. Acho aqui em páginas correntemente numeradas sucessos sem ligação nem contingência. Umas histórias em princípio, outras que começam pelo fim e outras que não tem fim nem princípio. Pode ser que eu, alguma vez, em notas, elucide as escuridades do texto, ou junte às histórias incompletas a catástrofe, que sucedeu em tempo que o meu amigo se retirara da sociedade, onde deixara a víscera dos afetos.
No volume denominado Coração encontro algumas poesias, que não traslado, por desmerecerem publicidade, sobre serem imprestáveis ao contexto da obra. Não designam as pessoas a quem foram dedicadas, nem me parecem coisa de grande inspiração. Silvestre, em poesia, era vulgar; e a poesia vulgar, mormente na pátria dos Junqueiros, dos Álvares de Azevedo, dos Casimiros de Abreu e dos Gonçalves Dias, é um pecado publicá-la. Sonego, pois, as poesias, em abono da reputação literária do nosso amigo.
Basta de preâmbulo.