O Primo Basílio - Cap. 5: CAPÍTULO V Pág. 144 / 414

- Divino! - exclamou. Tornou a encher o copo; achava aquilo uma pândega.

- Mas que tens tu?

Luísa com efeito parecia preocupada. Tinha suspirado baixo. Duas vezes, endireitando-se na cadeira, dissera a Juliana, inquieta:

- Parece que tocaram a campainha, vá ver.

Não era ninguém.

- Quem havia de ser? Não esperas teu marido, decerto.

- Ah! não!

E então Leopoldina, com os olhos no prato, partindo devagar, muito atenta, lascazinhas de bacalhau:

- E teu primo veio ver-te?

Luísa fez-se vermelha.

- Sim, tem vindo. Tem vindo várias vezes.

- Ah!

E depois de um silêncio:

- Ainda está bonito?

- Não está feio...

- Ah!

Luísa apressou-se a perguntar se tinha encomendado o vestido de xadrezinho? Não. E começaram a falar de toaletes, fazendas, lojas e preços... Depois, de conhecidas, de outras senhoras, de boatos - perdendo-se numa conversa de mulheres sós, miudinha e divagada, semelhante ao ramalhar de folhagens.

Viera o assado. Leopoldina já ia tendo uma cor quente nas faces. Pediu a Juliana que lhe fosse buscar o leque; - e recostada, abanando-se, declarou que se sentia como um príncipe. E ia bebericando golinhos de vinho. Que boa idéia, jantarem juntas!...

Apenas Juliana dispôs os pratos de fruta, Luísa disse-lhe logo que chamaria para o café, que podia ir. Foi ela mesmo fechar a porta da sala, correr o reposteiro de cretone:

- Estamos à vontade, agora! Faço-me velha só de olhar para esta criatura! Estou morta por a ver pelas costas!

- Mas por que a não pões na rua?

Jorge que não queria, senão...

Leopoldina protestou. Boa! Os maridos não deviam ter vontade!... Era o que faltava!...

- E o teu, então? - disse Luísa, rindo.

- Obrigada! - exclamou Leopoldina. - Um homem que faz quarto à parte!.





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