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Capítulo 7: CAPÍTULO VII

Página 210
Era hora e meia! Depois de hesitar pediu gravatas de fular a um caixeiro louro e jovial.

- Brancas? De cor? De riscas? Com pintinhas?

- Sim, verei, sortidas.

Não lhe agradavam. Desdobrava-as, sacudia-as, punha-as de lado; e olhava em roda vagamente, pálida... O caixeiro perguntou-lhe se estava incomodada: ofereceu-lhe água, qualquer coisa...

Não era nada; o ar é que lhe fazia bem; voltaria. Saiu. O Conselheiro, muito solícito, prontificou-se a acompanhá-la a uma boa farmácia tomar água de flor de laranja... Desciam então a Rua Nova do Carmo, e o Conselheiro ia afirmando que o caixeiro fora muito polido; não se admirava, porque no comércio havia filhos de boas famílias; citou exemplos.

Mas vendo-a calada:

- Ainda sofre?

- Não, estou bem.

- Temos dado um delicioso passeio!

Foram ao comprido do Rossio, até ao fim. Voltaram, atravessaram-no em diagonal. E pelo lado do Arco do Bandeira, aproximaram-se para a Rua do Ouro.

Luísa olhava em redor, aflita; procurava uma idéia, uma ocasião, um acontecimento - e o Conselheiro, grave a seu lado, dissertava. A vista do Teatro de D. Maria levara-o para as questões da arte dramática; tinha achado que a peça do Ernestinho era talvez demasiado forte. De resto só gostava de comédias. Não que se não entusiasmasse com as belezas de um Frei Luís de Sousa!, mas a sua saúde não lhe permitia as agitações fortes. Assim por exemplo...

Mas Luísa tivera uma idéia, e imediatamente:

Ah! Esquecia-me! Tenho de ir ao Vitry. Vou fazer chumbar um dente.

O Conselheiro, interrompido, fitou-a. E Luísa, estendendo-lhe a mão, com a voz rápida:

- Adeus, apareça, hem? - E precipitou-se para o portal do Vitry.

Subiu até ao primeiro andar, correndo, com os vestidos apanhados; parou, arquejando; esperou: desceu devagar, espreitou à porta.

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pág. 210 (Capítulo 7)

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Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 210

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411