Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: CAPÍTULO VIII

Página 220
Sentia-se vagamente senhora da casa. Tinha ali fechada na mão a felicidade, o bom nome, a honra, a paz dos patrões! Que desforra!

E o futuro, estava certo! Aquilo era dinheiro, o pão da velhice. Ah! Tinha-lhe chegado o seu dia! Todos os dias rezava uma salve-rainha de graças a Nossa Senhora, mãe dos homens!

Mas agora, depois daquela cena com Luísa - não podia ficar de braços cruzados, com as cartas na algibeira. Devia sair de casa, pôr-se em campo, fazer alguma coisa. O quê? A tia Vitória é que havia de dizer...

Logo pela manhã às sete horas, sem tomar o seu café, sem falar a Joana, desceu devagar, saiu.

A tia Vitória não estava em casa. Gente na saleta esperava. O Sr. Gouveia, com a borla do barretinho muito arrebitada, escrevinhava, dobrado, cuspilhando o seu catarro. Juliana deu os bons-dias em redor, e sentou-se a um canto, direita com a sua sombrinha nos joelhos.

Conversava-se; e uma mulher de trinta anos, picada das bexigas, que estava sentada no canapé, depois de ter dado um sorriso a Juliana, continuou, voltada para uma gordita com um xale de quadrados vermelhos:

- Pois não imagina, Sra. Ana, não faz idéia! É uma desgraça! É todas as noites como um carro. As vezes até acordo com o barulho que ele faz a falar só, a tropeçar na escada... Eu, do que tenho mais medo, é que o demônio adormeça com a luz e haja um rogo. Ah! É de todo!

- Quem? - perguntou um rapazola bonito, com uma blusa de trintanário, que falava de pé a um criado alto, de suíças e gravata branca enxovalhada.

- O Cunha, o filho do meu patrão. É uma desgraça!

- Piteireiro, hem? - disse o rapazola, enrolando o cigarro.

- Um horror! Eu pela manhã nem posso entrar no quarto, que é um cheiro. A mãe, coitadinha, chora, rala-se; o rapaz já esteve para ser posto fora do emprego.

<< Página Anterior

pág. 220 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 220

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411