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Capítulo 11: CAPÍTULO XI

Página 322

Sobre o seu ventrezinho redondo, que a perna curta fazia parecer quase pançudo, o medalhão do relógio pousava com opulência. Trazia na mão um chicote, cujo cabo de prata representava uma Vénus retorcendo os braços. A pele tinha um rubor próspero; o bigode farto terminava em pontas agudas, empastadas em cera mostacha, de um aspecto napoleônico. E os seus óculos de ouro tinham um ar autoritário, bancário, amigo da Ordem. Parecia contente da vida como um pardal muito farto.

Com quê! Era necessário mandá-lo chamar para que se pusesse a vista em cima - começou logo Leopoldina. E depois de o apresentar a Luísa, "sua intima, sua amiga de colégio":

- Que tem feito, por que não tem aparecido?

O Castro repoltreou-se numa cadeira de braços, e batendo com o chicote nas botas, desculpou-se com os preparativos da partida...

- Sempre é verdade? Deixa-nos?

O Castro curvou-se:

- Além de amanhã. No Orenoque.

- Então desta vez os jornais não mentiram. E com demora?

- Per omnia saecula saeculorum.

Leopoldina pasmava. Deixar Lisboa! Um homem tão estimado, que se podia divertir tanto! - Pois não é verdade? - disse voltando-se para Luísa, para a tirar do seu silêncio embaraçado.

- Com certeza - murmurou ela.

Estava sentada à beira da cadeira, como assustada, pronta a fugir. E os olhares do Castro, insistentes por trás do reflexo dos óculos, incomodavam-na.

Leopoldina reclinara-se no sofá, e ameaçando-o com o dedo erguido:

- Ah! Aí nessa ida para França anda história de saias!

Ele negou frouxamente, com um sorriso fátuo.

Mas Leopoldina não achava as francesas bonitas - o que era é que tinham muito chique, muita animação...

O Castro declarou-as adoráveis. Sobretudo para a estroinice! Ah! Conhecia-as bem! Enfim, lá como mães de família não dizia.

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pág. 322 (Capítulo 11)

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Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 322

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411