Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 11: CAPÍTULO XI

Página 325
Escute! - Os seus braços trémulos subiam; envolviam-na, e o que sentia das formas inflamava-o.

Luísa, sem ruído, repelia-lhe as mãos, recusava-se.

- O que quiser! Mas ouça! - balbuciava ele puxando-a violentamente para si. A concupiscência brutal dava-lhe uma respiração de touro.

Então, com um puxão desesperado às saias, ela soltou-se, recuando aflita:

- Deixe-me! Deixe-me!

O Castro ergueu-se, a bufar, e com os dentes cerrados, os braços abertos, rompeu para ela.

Diante daquela luxúria bestial, Luísa, indignada, agarrou instintivamente de

sobre a jardineira o chicote e deu-lhe uma forte chicotada na mão.

A dor, a raiva, o desejo enfureceram-no.

- Seu diabo! - rosnou, rangendo os dentes.

Ia-se arremessar. Mas Luísa então, erguendo o braço, revolvida por uma cólera frenética, atirou-lhe chicotadas rapidamente pelos braços, pelos ombros - muito pálida, muito séria, com uma crueldade a reluzir-lhe nos olhos, gozando uma alegria de desforra em fustigar aquela carne gorda.

O Castro, assombrado, defendia-se vagamente, com os braços diante da cara, recuando; de repente, topou contra a jardineira; o candeeiro de porcelana oscilou, desequilibrou-se, rolou no chão com estilhaços de louça, e uma nódoa escura de azeite alastrou-se na esteira.

- Ai está! Vê? - disse Luísa toda a tremer, apertando ainda convulsivamente o chicote.

Leopoldina ao barulho correu, do quarto.

- Que foi? Que foi?

- Nada, estávamos a brincar - disse Luísa.

Atirou o chicote para o chão, saiu da sala.

O Castro, lívido de raiva, tinha agarrado o chapéu; e fixando terrivelmente Leopoldina:

- Agradecido! Conte comigo quando quiser!

- Mas que foi? Que foi?

- Até à vista! - rugiu o Castro. - E indo apanhar o chicote, sacudindo-o ameaçadoramente para o quarto, onde Luísa entrara:

- Grande bêbeda! - murmurou com rancor.

<< Página Anterior

pág. 325 (Capítulo 11)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 325

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411