Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: CAPÍTULO XII

Página 332
Juliana! Imaginara que estava para baixo, para sala! Como ela agora é que queria fazer tudo!...

Quando Joana trouxe o almoço daí a pouco Jorge veio sentar-se à mesa, torcendo muito nervosamente o bigode. Levantou-se duas vezes com um sorriso mudo para ir buscar uma colher, o açucareiro. Luísa via-lhe os músculos da face contraídos: mal podia comer, atarantada; a chávena, quando a erguia, tremia-lhe mão; com os olhos baixos espreitava Jorge às furtadelas, e o seu silêncio torturava-a.

- Tu falaste ontem que ias jantar fora hoje...

- Vou - disse secamente. E acrescentou: - Graças a Deus!

- Estás de bom humor!... - murmurou ela.

- Como vês!

Luísa fez-se pálida, pousou o talher; tomou o jornal para disfarçar uma lagrimazinha que lhe tremia na pálpebra; mas as letras confundiam-se, sentia pular o coração. De repente a campainha tocou. Era a outra, decerto!

Jorge, que se ia erguer, disse logo:

- Há de ser essa senhora. Ora, vou-lhe dizer duas palavras...

E ficou de pé, junto à mesa, aguçando devagar um palito.

Luísa, a tremer, levantou-se também:

- Eu vou-lhe falar...

Jorge reteve-a pelo braço, e tranquilamente:

- Não, deixa-a vir. Deixa-me gozar!...

Luísa recaiu na cadeira, muito pálida.

Os tacões de Juliana soaram no corredor. Jorge aguçava tranquilamente o seu palito.

Luísa então voltou-se para ele, e batendo as mãos, aflita:

- Não lhe digas nada!...

Ele fixou-a, assombrado:

- Por quê?

Juliana neste momento abriu o reposteiro.

- Então que desaforo é este, sair e deixar tudo por arrumar? - disse-lhe Luísa logo, erguendo-se.

Juliana, que vinha sorrindo, estacou à porta, petrificada: apesar de sua amarelidão, uma vaga cor de sangue espalhou-se nas feições.

- Não lhe torne acontecer semelhante coisa, ouviu? A sua obrigação é estar em casa pela manhã.

<< Página Anterior

pág. 332 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 332

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411