No corredor encontraram a tia Joana com os braços abertos: beijou muito Luísa; aquela visita era um milagre! E que bonita que estava! Era a flor do bairro!
- Está bom, tia Joana, está bom - disse Sebastião, afastando-a brandamente.
Ora que não fosse metediço! Já lá a tinha tido mais de meia hora, também ela agora a queria um bocadinho! Assim é que ele devia ter uma mulherzinha! Uma rapariga de bem! Uma açucena!
Luísa corava, embaraçada.
E o Sr. Jorge? Que era feito dele? Ninguém o via. E a D. Felicidade?
- Está bom, basta, tia Joana! - fez Sebastião impaciente.
- Olha o sôfrego!... Ninguém lhe come a menina!... Cruzes!...
Luísa sorriu; lembrou-se então de repente que não tinha por quem mandar os bilhetes a D. Felicidade e a Jorge, ao hotel. Sebastião fê-la entrar logo embaixo no escritório: que escrevesse, ele os mandaria; escolheu-lhe o papel, molhando-lhe a pena - mais pronto, mais dedicado desde que a sabia infeliz. Luísa fez o bilhete para Jorge; e como apesar das suas aflições, se lembrou com terror de certo vestido verde decotado de D. Felicidade, acrescentou num P.S., no bilhete para ela: "o melhor é vires de preto, e não fazeres grande toalete. Nada de decotes nem de cores claras".
Quando entrou em casa, viu um galego saindo com a trouxazita de Joana. E logo no corredor sentiu a voz grossa da rapariga, que das escadas da cozinha dizia para cima, ameaçadoramente:
- Torne eu a apanhá-la, que não me sai viva das mãos, sua bêbeda!
- Bufa! Bufa! - gritou de cima Juliana. - Mas vai-te indo para o olho da rua!
Luísa escutava mordendo os beiços. Em que se convertera a sua casa! Uma praça! Uma taberna!
- Se eu te apanho! - rosnava a Joana descendo.
- Rua! Rua, sua porca! - gania a Juliana.