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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 106

Depois falou-se de Gambeta; e como Afonso lhe atribuía uma ditadura próxima, o diplomata tomou misteriosamente o braço de Sequeira, murmurou a palavra suprema com que definia todas as personalidades superiores, homens de estado, poetas, viajantes ou tenores.

- É um homè mûto forte. É um homè eqsessivemente forte!

- O que ele é, é um ronha! exclamou o general, escorropichando o seu cálice.

E todos três deixaram a sala, discutindo ainda a republica - em quanto Cruges continuava ao piano, vagueando por Mendelsshon e por Chopin, depois de ter devorado um prato de croquetes.

O marquês e D. Diogo, sentados no mesmo sofá, um com a sua chazada de inválido, outro com um copo de St. Emilion, a que aspirava o bouquet, falavam também de Gambeta. O marquês gostava de Gambeta: fora o único que durante a guerra mostrara ventas de homem; lá que tivesse «comido» ou que «quisesse comer» como diziam, - não sabia nem lhe importava. Mas era teso! E o Sr. Grevy também lhe parecia um cidadão sério, óptimo para chefe do Estado...

Homem de sala? perguntou languidamente o velho leão.

O marquês só o vira na Assembleia, presidindo e muito digno...

D. Diogo murmurou, com um melancólico desdém na voz, no gesto, no olhar:

- O que eu queria a toda essa canalha era a saúde, marquês!

O marquês consolou-o, galhofeiro e amável. Toda essa gente, parecendo forte por se ocupar de coisas fortes, no fundo tinha asma, tinha pedra, tinha gota... E o Dioguinho era um Hercules...

- Um Hercules! O que é, é que você apaparica-se muito... A doença é um mau hábito em que a gente se põe. É necessário reagir... Você devia fazer ginástica, e muita água fria por essa espinha. Você, na realidade, é de ferro!

- Enferrujadote, enferrujadote... - replicou o outro, sorrindo e desvanecido.

- Qual enferrujadote! Se eu fosse cavalo ou mulher, antes o queria a você que a esses badamecos que por aí andam meio podres... Já não há homens da sua têmpera, Dioguinho!

- Já não há nada, disse o outro grave e convencido, e como o derradeiro homem nas ruínas de um mundo.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 106

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605