Os Maias - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 197 / 630

Carlos saudou respeitosamente as damas.

O mulherão da Concha rosnou secamente os buenos dias: parecia de mau humor, pesada do almoço, amodorrada para ali, sem dizer uma palavra, com os cotovelos fincados na mesa, os olhos pestanudos meio cerrados, ora fumando, ora palitando os dentes. Mas a Lola foi amável, fez de senhora, ergueu-se, ofereceu a Carlos a mãozita suada. Depois retomando o cigarro, dando um jeito às pulseiras de ouro, declarou com um requebro de olhos, que conhecia de há muito Carlos...

- No há estado ustêd con Encarnacion?

Sim, Carlos tivera essa honra... E que era feito dela, dessa bela Encarnacion?

A Lola sorriu com finura, tocou no cotovelo do maestro. Não acreditava que Carlos ignorasse o que era feito da Encarnacion... Enfim, terminou por dizer que a Encarnacion estava agora com o Saldanha.

- Mas olhe que não é com o duque de Saldanha! exclamou Palma, que se conservara de pé, com a bolsa do tabaco aberta sobre a mesa, fazendo um grande cigarro.

A Lolita, com um modo seco, replicou que o Saldanha não seria duque, mas era um chico muy decente...

- Olha, disse o Palma lentamente, de cigarro na boca e tirando a isca da algibeira, duas boas bofetadas na cara lhe dei eu ainda não há três semanas... Pergunta ao Gaspar, o Gaspar assistiu... Foi até no Montanha... Duas bofetadas que lhe foi logo o chapéu parar ao meio da rua... O Sr. Maia há de conhecer o Saldanha... há de conhecer, que ele também tem um carrito e um cavalo.

Carlos fez um gesto indicando que não; e despedia-se de novo, saudando as damas, quando Cruges o chamou ainda, retendo-o mais um instante, em quanto satisfazia uma curiosidade: queria saber qual daquelas meninas era a esposa do amigo Eusébio.

Assim interpelado, o viúvo encordoou, rosnou com uma voz morosa, sem erguer as lunetas da laranja que descascava, que estava ali de passeio, não tinha esposa, e ambas aquelas meninas pertenciam ao amigo Palma...





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