Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: Capítulo 9

Página 242

- Está frio lá fora? perguntou ele melancolicamente.

- Não, está um dia adorável. Mas levanta-te, depressa! Se lá for alguém da parte do Cohen, podem imaginar que fugiste...

Ega deu imediatamente um pulo da cama, e atordoado, esguedelhado, procurava a roupa, com as canelas nuas, tropeçando contra os moveis. Só achou o gibão de Satanás. Chamaram o criado, que trouxe umas calças de Craft. Ega enfiou-as à pressa: e sem se lavar, com a barba por fazer, a gola do paletó erguida, enterrou enfim na cabeça o boné escocês, voltou-se para Carlos, disse com um ar trágico:

- Vamos a isso!

Craft, que se erguera, foi acompanhá-los ao portão, onde esperava o coupé de Carlos. Na alameda de acácias, tão tenebrosa na véspera sob a chuva, cantavam agora os pássaros. A quinta, fresca e lavada, verdejava ao sol. O grande Terra-nova do Craft pulava em roda deles.

- Doe-te a cabeça, Ega? perguntou Craft.

- Não, respondeu o outro, acabando de abotoar o paletó. Eu ontem não estava bêbado... O que estava era fraco.

Mas, ao entrar para o coupé, fez, com um ar profundo e filosófico, esta reflexão:

- O que é a gente beber bons vinhos... Estou como se não fosse nada!

Craft recomendou que, se houvesse novidade, lhe mandassem um telegrama; fechou a portinhola, o coupé partiu.

Durante a manhã não veio telegrama à quinta; e quando Craft apareceu na Vila Balzac, onde uma carruagem de Carlos esperava à porta, já escurecera, duas velas ardiam na triste sala verde. Carlos, estirado no sofá, dormitava, com um livro aberto sobre o estômago: e Ega passeava de um lado para outro, todo vestido de preto, pálido, com uma rosa na botoeira. Tinham estado ali na sala, naquela seca, esperando todo o dia as testemunhas do Cohen.

- Que te dizia eu? Não há nada, nem podia haver, murmurou Craft.

Mas Ega, agora agitado de ideias negras, temia que ele tivesse assassinado a mulher! O sorriso céptico de Craft indignou-o. Quem conhecia melhor o Cohen do que ele? Sob a aparência burguesa, era um monstro!

<< Página Anterior

pág. 242 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 242

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605