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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 286
Quase imediatamente Taveira excitado veio dizer que Cliford retirara a Mist.

Vendo-a assim cercada, Carlos afastou-se. Justamente o olhar de D. Maria, que o não deixara, chamava-o agora, mais carinhoso e vivo. Quando ele se chegou, ela puxou-lhe pela manga, fê-lo debruçar, para lhe murmurar ao ouvido, deliciada:

- Está hoje tão galante!

- Quem?

D. Maria encolheu os ombros, impaciente.

- Ora quem! Quem há-de ser? O menino sabe.

- Muito galante, com efeito, disse Carlos friamente.

De pé, junto de D. Maria, tirando devagar uma cigarrete, ele ruminava, quase com indignação, as palavras da condessa. Ir com ela para o Porto!... E via ali outra exigência audaz, a mesma tendência impertinente a dispor do seu tempo, dos seus passos, da sua vida! Tinha um desejo de voltar junto dela, dizer-lhe que não, secamente, desabridamente, sem motivos, sem explicações, como um brutal.

Acompanhada em silêncio pelo esguio secretário de Steinbroken, ela vinha agora caminhando lentamente para ele: e o olhar alegre com que o envolvia irritou-o mais, sentindo no seu brilho sereno, no sorrir calmo, quanto ela estava certa da sua submissão.

E estava. Apenas o finlandês se afastou languidamente - ela, muito tranquila, ali mesmo junto de D. Maria, falando em inglês, e apontando para a pista como se comentasse os cavalos do Darque, explicou-lhe um plano que imaginara, encantador. Em lugar de partir na terça-feira para o Porto - ia na segunda à noite, só com a criada escocesa, sua confidente, num compartimento reservado. Carlos tomava o mesmo comboio. Em Santarém, desciam ambos, muito simplesmente, e iam passar a noite ao hotel. No dia seguinte ela seguia para o Porto, ele recolhia a Lisboa...

Carlos abria os olhos para ela, assombrado, emudecido. Não esperava aquela extravagância. Supusera que ela o queria no Porto, escondido no Francfort, para passeios românticos à Foz, ou visita furtivas a algum casebre da Aguardente... Mas a ideia de uma noite, num hotel, em Santarém!

Terminou por encolher os ombros, indignado.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 286

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605