Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: Capítulo 12

Página 334

Passou uma escova pelo bigode, e continuou falando para dentro, para a alcova de banho:

- Pois, menino, eu agora o que necessito é o regímen da Quimera. Vou-me atirar outra vez às Memórias. Há de se fazer aí uma quantidade de arte colossal nesse quarto que me destinas, diante de Velasquez... E a propósito, é necessário ir cumprimentar o velho Afonso, uma vez que ele me vai dar o pão, o tecto, e a enxerga...

Foram encontrar Afonso da Maia no escritório, na sua velha poltrona, com um antigo volume da Ilustração francesa aberto sobre os joelhos, mostrando as estampas a um pequeno bonito, muito moreno, de olho vivo, e cabelo encarapinhado. O velho ficou contentíssimo ao saber que o Ega vinha por algum tempo alegrar o Ramalhete com a sua bela fantasia.

- Já não tenho fantasia, Sr. Afonso da Maia!

Então esclarecê-lo com a tua clara razão, disse o velho rindo. Estamos cá precisando de ambas as coisas, John.

Depois apresentou-lhe aquele pequeno cavalheiro, o Sr. Manoelinho, rapazinho amável da vizinhança, filho do Vicente, mestre de obras; o Manoelinho vinha às vezes animar a solidão de Afonso - e ali folheavam ambos livros destampas e tinham conversas filosóficas. Agora, justamente, estava ele muito embaraçado por não lhe saber explicar como é que o general Canrobert (de quem estavam admirando o garbo sobre o seu cavalo empinado) tendo mandado matar gente, muita gente, em batalhas, não era metido na cadeia...

- Está visto! exclamou o pequeno, esperto e desembaraçado, com as mãos cruzadas atrás das costas. Se mandou matar gente deviam-no ferrar na cadeia!

- Hein, amigo Ega! dizia Afonso rindo. Que se há de responder a esta bela lógica? Olha, filho, agora que estão aqui estes dois senhores que são formados em Coimbra, eu vou estudar esse caso... Vai tu ver os bonecos ali para cima da mesa... E depois vão sendo horas de ires lá dentro à Joana, para merendares.

Carlos, ajudando o pequeno a acomodar-se à mesa com o seu grande volume destampas, pensava quanto o avô, com aquele seu amor por crianças, gostaria de conhecer Rosa!

Afonso no entanto perguntava também ao Ega pela comédia. O quê! Já abandonada?

<< Página Anterior

pág. 334 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 334

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605