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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 342

O conde interveio, afável e risonho:

- O nosso Ega quer fazer simplesmente um paradoxo. E tem razão, tem realmente razão, porque os faz brilhantes...

Estava-se servindo Jambon aux épinards. Durante um momento falou-se de paradoxos. Segundo o conde, quem os fazia também brilhantes e difíceis de sustentar, excessivamente difíceis, era o Barros, o ministro do reino...

- Talento robusto, murmurou respeitosamente Sousa Neto.

- Sim, pujante, disse o conde.

Mas ele agora não falava tanto do talento do Barros como parlamentar, como homem de Estado. Falava do seu espírito de sociedade, do seu esprit...

- Ainda este inverno nós lhe ouvimos um paradoxo brilhante! Até foi em casa da Sr.ª D. Maria da Cunha... V. Ex.ª não se lembra, Sr. D. Maria? Esta minha desgraçada memória! Ó Teresa, lembras-te daquele paradoxo do Barros? Ora sobre que era, meu Deus?... Enfim, um paradoxo muito difícil de sustentar... Esta minha memória!... Pois não te lembras, Teresa?

A condessa não se lembrava. E enquanto o conde ficava remexendo ansiosamente, com a mão na testa, as suas recordações, - a senhora de escarlate voltou a falar de pretos, e de escudeiros pretos, e de uma cozinheira preta que tivera uma tia dela, a tia Vilar... Depois queixou-se amargamente dos criados modernos: desde que lhe morrera a Joana, que estava em casa havia quinze anos, não sabia que fazer, andava como tonta, tinha só desgostos. Em seis meses já vira quatro caras novas. E umas desleixadas, umas pretensiosas, uma imoralidade!... Quase lhe fugiu um suspiro do peito, e trincando desconsoladamente uma migalhinha de pão:

- Ó baronesa, ainda tens a Vicenta?

- Pois então não havia de ter a Vicenta?... Sempre a Vicenta... A Sr.ª D. Vicenta, se faz favor.

A outra contemplou-a um instante, com inveja daquela felicidade.

- E é a Vicenta que te penteia?

Sim, era a Vicenta que a penteava. Ia-se fazendo velha, coitada... Mas sempre caturra. Agora andava com a mania de aprender francês. Já sabia verbos. Era de morrer, a Vicenta a dizer j'aime, tu aimes...

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 342

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605