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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 356
E nem a escutara, nem a compreendera. Sentia apenas, num deslumbramento, que o amor comprimido até aí no seu coração irrompera por fim, triunfante, e embatendo no coração dela, através do aparente mármore do seu peito, fizera de lá ressaltar uma chama igual... Só via que ela tremia, só via que ela o amava... E, com a gravidade forte de um acto de posse, tomou-lhe lentamente as mãos, que ela lhe abandonou, submissa de repente, já sem força, e vencida. E beijava-lhas ora uma ora outra, e as palmas, e os dedos, devagar, murmurando apenas:

- Meu amor! Meu amor! Meu amor!

Maria Eduarda caíra pouco a pouco sobre a cadeira; e, sem retirar as mãos, erguendo para ele os olhos cheios de paixão, enevoados de lágrimas, balbuciou ainda, debilmente, numa derradeira suplicação:

- Há uma coisa que eu lhe queria dizer!...

Carlos estava já ajoelhado aos seus pés.

- Eu sei o que é! exclamou, ardentemente, junto do rosto dela, sem a deixar falar mais, certo de que adivinhara o seu pensamento. Escusa de dizer, sei perfeitamente. É o que eu tenho pensado tantas vezes! É que um amor como o nosso não pode viver nas condições em que vivem outros amores vulgares... É que desde que eu lhe digo que a amo, é como se lhe pedisse para ser minha esposa diante de Deus...

Ela recuava o rosto, olhando-o angustiosamente, e como se não compreendesse. E Carlos continuava mais baixo, com as mãos dela presas, penetrando-a toda da emoção que o fazia tremer:

- Sempre que pensava em si, era já com esta esperança de uma existência toda nossa, longe daqui, longe de todos, tendo quebrado todos os laços presentes, pondo a nossa paixão acima de todas as ficções humanas, indo ser felizes para algum canto do mundo, solitariamente e para sempre... Levamos Rosa, está claro, sei que não se pode separar dela... E assim viveríamos sós, todos três, num encanto!

- Meu Deus! Fugirmos? murmurou ela, assombrada.

Carlos erguera-se.

- E que podemos fazer? Que outra coisa podemos nós fazer, digna do nosso amor?

Maria não respondeu, imóvel, a face erguida para ele, branca de cera. E pouco a pouco uma ideia parecia surgir nela, inesperada e perturbadora, revolvendo todo o seu ser.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 356

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605