Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: Capítulo 12

Página 361

Ela sorriu.

- Quantas palavras para converter uma convertida!

E tudo ficou harmonizado num grande beijo.

Afonso da Maia aprovou plenamente a compra das colecções do Craft. «É um valor, disse ele ao Vilaça, e acabamos de encher com boa arte Santa-Olávia e o Ramalhete.»

Mas o Ega indignou-se, chegou a falar em «desvario», despeitado por essa transacção secreta para que não fora consultado. O que o irritava sobretudo era ver, nesta aquisição inesperada de uma casa de campo, outro sintoma do grave e do fundo segredo que pressentia na vida de Carlos: e havia já duas semanas que ele habitava o Ramalhete e Carlos ainda não lhe fizera uma confidência!... Desde a sua ligação de rapazes em Coimbra, nos Paços de Cela, fora ele o confessor secular de Carlos: mesmo em viagem, Carlos não tinha uma aventura banal de hotel, de que não mandasse ao Ega «um relatório». O romance com a Gouvarinho, de que Carlos ao princípio tentara, frouxamente, guardar um mistério delicado, já o conhecia todo, já lera as cartas da Gouvarinho, já passara pela casa da titi...

Mas do outro segredo não sabia nada - e considerava-se ultrajado. Via rodas as manhãs Carlos partir para a rua de S. Francisco, levando flores; via-o chegar de lá, como ele dizia, «besuntado de êxtase»; via-lhe os silêncios repassados de felicidade, e esse indefinido ar, ao mesmo tempo sério e ligeiro, risonho e superior, do homem profundamente amado... E não sabia nada.

Justamente alguns dias depois, estando ambos sós, a falar de planos de verão, Carlos aludiu aos Olivais, com entusiasmo, relembrando algumas das preciosidades do Craft, o doce sossego da casa, a clara vista do Tejo... Aquilo realmente fora obter por uma mão cheia de libras um pedaço do paraíso...

Era à noite, no quarto de Carlos, já tarde. E o Ega, que passeara com as mãos nas algibeiras do robe-de-chambre, encolheu os ombros, impaciente, farto daqueles louvores eternos a casinhola do Craft.

<< Página Anterior

pág. 361 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 361

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605