Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 13: Capítulo 13

Página 383
E ela de lá, com aquele ar de lambisgoia, de luneta nele...

Não havia que duvidar, era um namoro... Aquele Cohen é um predestinado.

Ega fez-se lívido, torceu nervosamente o bigode, terminou por dizer:

- O Dâmaso é muito íntimo deles... Mas talvez se atire, não duvido... São dignos um do outro.

No bilhar, enquanto os dois carambolavam preguiçosamente, ele não cessou de passear, numa agitação, trincando o charuto apagado. De repente estacou em frente do marquês, com os olhos chamejantes:

- Quando é que você a viu ultimamente no Price, essa torpe iliba de Israel?

- Terça-feira, creio eu.

O Ega recomeçou a passear, sombrio.

Nesse instante Baptista, aparecendo à porta do bilhar, chamou Carlos em silêncio, com um leve olhar. Carlos veio, surpreendido.

- É um cocheiro de praça, murmurou Baptista. Diz que está ali uma senhora dentro de uma carruagem que lhe quer falar.

- Que senhora?

Baptista encolheu os ombros. Carlos, de taco na mão, olhava para ele, aterrado. Uma senhora! Era decerto Maria... Que teria sucedido, santo Deus, para ela vir numa tipoia, às nove da noite, ao Ramalhete!

Mandou Baptista, a correr, buscar-lhe um chapéu baixo; e assim mesmo, de casaca, sem paletó, desceu numa grande ansiedade. No peristilo topou com Eusebiozinho que chegava, e sacudia cuidadosamente com o lenço a poeira dos botins. Nem falou ao Eusebiozinho. Correu ao coupé, parado à porta particular dos seus quartos, mudo, fechado, misterioso, aterrador...

Abriu a portinhola. Do canto da velha traquitana, um vulto negro, abafado numa mantilha de renda, debruçou-se, perturbado, balbuciou:

- É só um instante! Quero-lhe falar!

Que alivio! Era a Gouvarinho! Então, na sua indignação, Carlos foi brutal.

- Que diabo de tolice é esta? Que quer?

Ia bater com a portinhola; ela empurrou-a para fora, desesperada; e não se conteve, desabafou logo ali, diante do cocheiro, que mexia tranquilamente na fivela de um tirante.

- De quem é a culpa? Para que me trata deste modo?... É só um instante, entre, tenho de lhe falar!...

<< Página Anterior

pág. 383 (Capítulo 13)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 383

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605