- Porque não havemos de partir já para a Itália? perguntou ela de repente, procurando a mão de Carlos. Se tem de ser, porque não há de ser já?... Escusávamos de ter estes segredos, estes sustos!
- Sustos de que, meu amor? Estamos aqui tão seguros como na Itália, como na China... De resto podemos partir mais depressa, se quiseres... diz tu um dia, marca um dia!
Ela não respondeu, deixando cair docemente a cabeça sobre o ombro de Carlos. Ele acrescentou, devagar:
- Em todo o caso, compreendes bem, preciso primeiro ir a Santa Olávia, ver o avô...
Os olhos de Maria perdiam-se outra vez na escuridão como recebendo dela o presságio de um futuro, onde tudo seria confuso e escuro também.
- Tu tens Santa Olávia, tens teu avô, tens os teus amigos... Eu não tenho ninguém!
Carlos estreitou-a a si, enternecido.
- Não tens ninguém! Isso dito a mim! Nem chega a ser injustiça, nem chega a ser ingratidão! É nervoso; e é também o que os ingleses chamam a «impudente adulteração de um facto.»
Ela ficara aninhada no peito de Carlos, como desfalecida.
- Não sei porque, queria morrer...