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Capítulo 17: Capítulo 17

Página 572
Mas ele não falava das malaguenhas. Não estava encarregado de defender a Espanha. Ela possuía, para convencer o Craft e outros britânicos, bastante pilheria e bastante navalha... A questão era o fado!

- Onde é que você tem ouvido o fado? Aí pelas salas, ao piano... Com efeito assim, concordo, é chocho. Mas ouça-o você por três ou quatro guitarristas, uma noite, no campo, com uma bela lua no céu... Como nos Olivais este verão, quando o marquês lá levou o Vira-vira! Lembras-te, Carlos?... E estacou, como enlatado, no arrependimento daquela memória da toca que levianamente evocara. Carlos permanecera silencioso, com uma sombra na face. Craft ainda rosnou que, numa linda noite de luar, todos os sons do campo eram bonitos, mesmo o chiar dos sapos. E de novo uma estranha desanimação amoleceu a sala; os escudeiros serviam os doces.

Então, no silêncio, D. Diogo disse pensativamente, com a sua majestade de leão saudoso que relembra um grande passado:

- Uma música também muito distinguee antigamente eram os sinos do mosteiro. Parecia mesmo que se estavam ouvindo os sinos... Já não há disso!

O jantar terminava friamente. Steinbroken voltara àquela falta da família real no sarau, que desde a véspera o inquietava. Ninguém ali se interessava pelo Paço. Depois D. Diogo surdiu com uma velha e fastidiosa história sobre a infanta D. Isabel. Foi um alivio quando o escudeiro trouxe em volta a larga bacia de prata e o jarro de água perfumada.

Ao fim do café, servido no bilhar, Steinbroken e Craft começaram uma partida «às cinquenta» e a quinze tostões para interessar. Afonso e D. Diogo tinham recolhido ao escritório. Ega enterrara-se no fundo de uma poltrona, com o Fígaro. Mas bem depressa deixou escorregar a folha no tapete, cerrou os olhos. Então Carlos, que passeava pensativamente fumando, olhou um momento o Ega adormecido, e sumiu-se por traz do reposteiro. Ia à rua de S. Francisco. Mas não se apressava, a pé pelo Aterro, abafado num paletó de peles, acabando o charuto.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 572

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605