Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 17: Capítulo 17

Página 595
Os dois velhos amigos, depois de um abraço a Carlos, partiram na mesma carruagem, com os charutos acesos. Os outros, pouco a pouco, iam também abraçar Carlos, enfiavam os paletós. O último a sair foi Alencar, que, no pátio, beijou o Ega, num impulso de emoção, lamentando ainda o passado, os companheiros desaparecidos:

- O que me vale agora são vocês, rapazes, a gente nova. Não me deitem à margem! Senão, caramba, quando quiser fazer uma visita tenho d'ir ao cemitério. Adeus, não apanhes frio!

O enterro foi ao outro dia, à uma hora. O Ega, o marquês, o Craft, o Sequeira levaram o caixão até à porta, seguidos pelo grupo de amigos, onde destacava o conde de Gouvarinho, soleníssimo, de grã-cruz. O conde de Steinbroken, com o seu secretario, trazia na mão uma coroa de violetas. Na calçada estreita os trens apertavam-se, numa longa fila que subia, se perdia pelas outras ruas, pelas travessas: em todas as janelas do bairro se apinhava gente: os polícias berravam com os cocheiros. Por fim o carro, muito simples, rodou, seguido por duas carruagens da casa, vazias, com as lanternas recobertas de longos véus de crepe que pendiam. Atrás, um a um, desfilaram os trens da Companhia com os convidados, que abotoavam os casacos, corriam os vidros contra a friagem do dia enevoado. O Darque e o Vargas iam no mesmo coupé. O correio do Gouvarinho passou choutando na sua pileca branca. E, sobre a rua deserta, cerrou-se finalmente para um grande luto o portão do Ramalhete.

Quando Ega voltou do cemitério encontrou Carlos no quarto, rasgando papeis, enquanto o Baptista, atarefado, de joelhos no tapete, fechava uma mala de couro. E como Ega, pálido e arrepiado de frio, esfregava as mãos, Carlos fechou a gaveta cheia de cartas,

lembrou que fossem para o fumoir onde havia lume.

Apenas lá entraram, Carlos correu o reposteiro, olhou para o Ega:

- Tens duvida em lhe ir falar, a ela?

- Não. Para que?... Para lhe dizer o que?

- Tudo.

Ega rolou uma poltrona para junto da chaminé, despertou as brasas.

<< Página Anterior

pág. 595 (Capítulo 17)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 595

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605