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Capítulo 17: Capítulo 17

Página 597
O que aceito, sim, é uma das tuas malas de couro...

Quando nessa noite, acompanhados pelo Vilaça, Carlos e Ega chegaram à estação de Santa Apolónia, o comboio ia partir. Carlos mal teve tempo de saltar para o seu compartimento reservado - enquanto o Baptista, abraçado às mantas de viagem, empurrado pelo guarda, se içava desesperadamente para outra carruagem, entre os protestos dos sujeitos que a atulhavam. O trem imediatamente rolou. Carlos debruçou-se à portinhola, gritando ao Ega: - «Manda um telegrama amanhã a dizer o que houve!»

Recolhendo ao Ramalhete com o Vilaça, que ia nessa noite coligir e selar os papeis de Afonso da Maia, Ega falou logo nas quinhentas libras que ele devia entregar na manhã seguinte a Maria Eduarda. Vilaça recebera com efeito essa ordem de Carlos. Mas

francamente, entre amigos, não lhe parecia excessiva a soma, para uma jornada? Além disso Carlos falara em estabelecer a essa senhora uma mesada de quatro mil francos, cento e sessenta libras! Não achava também exagerado? Para uma mulher, uma simples mulher...

Ega lembrou que essa simples mulher tinha direito legal a muito mais...

- Sim, sim, resmungou o procurador. Mas tudo isso de legalidade tem ainda de ser muito estudado. Não falemos nisso. Eu nem gosto de falar disso!...

Depois como Ega aludia à fortuna que deixava Afonso da Maia - Vilaça deu detalhes. Era decerto uma das boas casas de Portugal. Só o que viera da herança de Sebastião da Maia, representava bem quinze contos de renda. As propriedades do Alentejo, com os trabalhos que lá fizera o pai dele Vilaça, tinham triplicado de valor. Santa Olávia era uma despesa. Mas as quintas ao pé de Lamego, um condado.

- Há muito dinheiro! exclamou ele com satisfação, batendo no joelho do Ega. E isto, amigo, digam lá o que disserem, sempre consola de tudo.

- Consola de muito, com efeito.

Ao entrar no Ramalhete, Ega sentia uma longa saudade pensando no lar feliz e amável que ali houvera e que para sempre se apagara. Na antecâmara, os seus passos já lhe pareceram soar tristemente como os que se dão numa casa abandonada.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 597

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605