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Capítulo 18: Capítulo 18

Página 612

Alencar lançou um gesto imenso de desdém. Nunca o cozinheiro do Braganza, francelhote miserável, estaria à altura desses nobres petiscos do velho Portugal. Enfim acabou-se. Seria pontual às seis para uma grande saúde ao seu Carlos!

- Vocês vão sair, rapazes?

Carlos e Ega iam ao Ramalhete visitar o casarão.

O poeta declarou logo que isso era romagem sagrada. Então ele partia com o maestro. O seu caminho ficava também para o lado do Barradas... Moço de talento, esse Barradas!... Um pouco pardo de cor, tudo por acabar, esborratado, mas uma bela ponta de faísca.

- E teve uma tia, filhos, a Leonor Barradas! Que olhos, que corpo! E não era só o corpo! Era a alma, a poesia, o sacrifício!... Já não há disso, já lá vai tudo. Enfim, acabou-se, às seis!

- Às seis, em ponto, sem falhar!

Alencar e o maestro partiram, depois de se munirem de charutos. E daí a pouco Carlos e Ega seguiam também pela rua do Tesouro Velho, de braço dado, muito lentamente.

Iam conversando de Paris, de rapazes e de mulheres que o Ega conhecera, havia quatro anos, quando lá passara um tão alegre inverno nos apartamentos de Carlos. E a surpresa do Ega, a cada nome evocado, era o curto brilho, o fim brusco de toda essa mocidade estouvada. A Lucy Gray, morta. A Conrad, morta... E a Maria Blond? Gorda, emburguesada, casada com um fabricante de velas de estearina. O polaco, o louro? Fugido, desaparecido. Mr. de Menant, esse D. Juan? Subprefeito no departamento do Doubs.

E o rapaz que morava ao lado, o belga? Arruinado na Bolsa... E outros ainda, mortos, sumidos, afundados no lodo de Paris!

Pois tudo somado, menino, observou Ega, esta nossa vidinha de Lisboa, simples, pacata, corredia, é infinitamente preferível.

Estavam no Loreto; e Carlos parara, olhando, reentrando na intimidade daquele velho coração da capital. Nada mudara. A mesma sentinela sonolenta rondava em torno à estátua triste de Camões. Os mesmos reposteiros vermelhos, com brasões eclesiásticos, pendiam nas portas das duas igrejas.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 612

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605