Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 18: Capítulo 18

Página 615
E Ega, no entanto, explicava a Carlos as varandas e o grupo:

- São rapazes do Turf. É um club novo, antigo Jockey da travessa da Palha. Faz-se lá uma batotinha barata, tudo gente muito simpática... E como vês estão sempre assim preparados, com sanefas e tudo, para se acaso passar por aí o senhor dos Passos.

Depois, descendo para a rua Nova do Almada, contou o caso da Adosinda. fora no Silva, havia duas semanas, estando ele a cear com rapazes depois de S. Carlos, que lhes aparecera essa mulher inverosimil, vestida de vermelho, carregando sensatamente nos rr, metendo rr em todas as palavras, e perguntando pelo Sr. virrsconde... Qual virrsconde? Ela não sabia bem. Erra um virrsconde que encontrrárra no Crrolyseu. Senta-se, oferecem-lhe champagne, e D. Adosinda começa a revelar-se um sêr prodigioso. Falavam de política, do ministério e do deficit. D. Adosinda declara logo que conhece muito bem o deficit, e que é um belo rapaz... O deficit belo rapaz - imensa gargalhada! D. Adosinda zanga-se, exclama que já fora com ele a Sintra, que é um perfeito cavalheiro, e empregado no Banco Inglês... O deficit empregado no Banco Inglês - gritos, uivos, urros! E não cessou esta gargalhada continua, estrondosa, frenética, até às cinco da manhã em que D. Adosinda fora rifada e saíra ao Teles!... Noite soberba!

- Com efeito, disse Carlos rindo, é uma orgia grandiosa, lembra Heliogabalo e o Conde d'Orsay...

Então Ega defendeu calorosamente a sua orgia. Onde havia melhor, na Europa, em qualquer civilização? Sempre queria ver que se passasse uma noite mais alegre em Paris, na desoladora banalidade do Grand-Treize, ou em Londres, naquela correcta e massuda sensaboria do Bristol! O que ainda tornava a vida tolerável era de vez em quando uma boa risada. Ora na Europa o homem requintado já não ri, - sorri regeladamente, lividamente. Só nós aqui, neste canto do mundo bárbaro, conservamos ainda esse dom supremo, essa coisa bendita e consoladora - a barrigada de riso!

- Que diabo estás tu a olhar?

<< Página Anterior

pág. 615 (Capítulo 18)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 615

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605