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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 121

«O senhor desfruta de uma posição invejável», disse K., que pensava nesse momento na sua própria situação dentro do Banco. «Desta forma, a sua posição torna-se invencível?» «Sim, invencível», respondeu o pintor, endireitando orgulhosamente os ombros. «É por essa razão também que de vez em quando me atrevo a ajudar algum pobre homem que se encontre em apuros com um processo.» «E como consegue isso?», indagou K., como se não fosse ele próprio que tivesse acabado de ser designado como pobre homem. Titoreili, contudo, não queria desviar-se do rumo da conversa e continuou: «No seu caso, por exemplo, como o senhor está inteiramente inocente, basear-me-ei nesse facto.» A repetida mancho à sua inocência começava a tornar K. impaciente. Por momentos, pareceu-lhe que o pintor lhe oferecia o seu auxilio partindo da suposição de que o processo teria êxito, o que tornava inútil a sua oferta. Mas, apesar das suas dúvidas, K. conservou-se calado e não interrompeu o homem. Não estava preparado para renunciar à ajuda de Titorelli, nesse ponto estava decidido, pois não lhe parecia mais problemática do que a do advogado. Na realidade, ele até preferia o oferecimento de auxílio da parte do pintor, já que era feito de uma maneira muito mais hábil e franca.

Titorelli aproximou a sua cadeira da cama e continuou em tom mais baixo: «Esqueci-me de lhe perguntar primeiro que espécie de absolvição o senhor deseja. Há três possibilidades, que são: a absolvição definitiva, a absolvição aparente e o adiamento indefinido. A absolvição definitiva é, sem dúvida, a melhor, mas nesta não exerço a mínima influência relativamente ao seu veredicto. Tanto quanto sei, não há ninguém com possibilidades de intervir no veredicto de uma absolvição definitiva. O único facto decisivo parece-me ser a inocência do acusado. Já que está inocente, certamente que lhe seria possível assentar a sua defesa unicamente na sua inocência. Nesse caso, não necessitaria nem da minha colaboração nem da de outra pessoa qualquer.»

Esta explicação tão concisa deixou K. embaraçada a princípio, mas respondeu no mesmo tom de voz sumido do pintor: «Parece-me que o senhor está a contradizer-se.» «Em que aspecto?», inquiriu o outro pacientemente, encostando-se para trás com um sorriso. Aquele sorriso despertou em K. a suspeita de que começava a verificar a existência de contradições não só nas afirmações do pintor, como no próprio procedimento judicial.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 121

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179