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Capítulo 1: Capítulo 1

Página 13

Já em baixo, K. decidiu, de relógio na mão, apanhar um táxi, de modo a evitar mais demoras e a chegar mais depressa ao Banco, visto estar meia hora atrasado. Kaminer correu até à esquina para ir chamar um táxi, enquanto os outros dois tentavam por todos os meios distrair K. De repente, Kullich apontou para a casa em frente, à porta da qual o homem alto, com a sua barba avermelhada e pontiaguda, se mostrava completamente. Um pouco embaraçada por causa da sua enorme estatura, afastou-se, encostando-se à parede. O casal de velhos devia vir ainda a descer as escadas. K. ficou irritado com Kullich por ter chamado a sua atenção para o homem que ele próprio já tinha visto e que, na realidade, esperava que ali aparecesse. «Não olhe para lá.., disse ele rapidamente, sem se aperceber de como parecia estranho falar daquela maneira a homens adultos. No entanto, não foi necessário dar qualquer desculpa, porque exactamente nesse momento apareceu o táxi. Cada um ocupou o seu lugar e o táxi arrancou. Então, K. Lembrou-se de que não tinha reparado na partida do Inspector e dos guardas. Primeiro, o Inspector tinha absorvido de tal maneira a sua atenção que não reconhecera os três funcionários do Banco; estes, por seu turno, distraíram-no a ponto de ter desviado a sua atenção do Inspector. Esta atitude apenas demonstrou falta de presença de espírito e K. resolveu ser mais cuidadoso a este respeito. Contudo, sem se aperceber, virou-se e tentou, elevando-se um pouco no banco de trás, espreitar de modo que ainda pudesse ver o Inspector e os guardas. Mas imediatamente se voltou para a frente, encostando-se confortavelmente a um canto, sem mesmo ter tentado distinguir qualquer deles. Contra aquilo que se poderia pensar, nesse momento K. teria gostado de algumas palavras de apoio dos seus companheiros, mas os outros pareciam cansados. Rabensteiner olhava para a direita. Kullich para a esquerda. Apenas Kaminer o encarou com o seu nervoso arreganho de dentes, que, infelizmente, por uma questão de humanidade, não servia de tema de conversa.

Naquela Primavera, K. tinha-se acostumado a passar as noites assim: depois do trabalho, sempre que lhe era possível—estava no seu gabinete normalmente até às nove horas—, dava um curto passeio, sozinho ou acompanhado de alguns dos seus colegas, e depois ia pata uma cervejaria, onde ficava até às onze sentado a uma mesa, na maioria das vezes rodeado das pessoas mais idosas. Abriam-se, é claro, excepções a esta rotina, quando, por exemplo, o director do Banco, que fazia um elevado conceito do seu trabalho e honestidade, o convidava pata um passeio de carro ou pata jantar na sua casa de campo. Uma vez por semana, K. visitava uma rapariga chamada Elsa, que trabalhava toda a noite até de madrugada, como criada num cabaré, recebendo durante o dia as suas visitas na cama.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 13

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179