Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: Capítulo 8

Página 136

«Não estejas tão zangado», disse-lhe ela, voltando-se para ele, com a tigela da sopa e tudo, ao chegar à porta.

K. ficou a contemplá-la; agora estava absolutamente assente que dispensaria o advogado dos seus serviços e até era melhor não ter oportunidade de falar antecipadamente com Leni sobre este assunto; o problema, no seu conjunto, estava muito acima da sua capacidade e ela decerto tentaria dissuadi-lo e possivelmente até o convenceria a adiar, por esta vez, tal resolução, continuando ele a ser uma vitima de dúvidas e receios até que, mais tarde, levasse a cabo a sua resolução, desde que ela se tornasse imperiosa. No entanto, quanto mais depressa realizasse essa intenção, menos sofreria. Apesar de tudo, talvez o comerciante ainda conseguisse lançar alguma luz sobre o assunto.

K. virou-se para o homem, que imediatamente tentou pôr-se de pé. queixe-se estar sentado», disse-lhe K., puxando uma cadeira para perto dele. «O senhor é um antigo cliente do advogado, não é verdade?» «Sou, sim», respondeu o comerciante, «um velho cliente.» Chá quanto tempo toma ele conta dos seus assuntos?», inquiriu K «Não sei bem a que assuntos se referes, disse o homem; «nos meus negócios... sou um negociante em cereais, o advogado tem sido o meu representante desde o principio, o que quer dizer nestes últimos vinte anos, e, no meu próprio processo, que é provavelmente no que o senhor está a pensar, tem sido também o meu advogado desde o principio, isto é, há mais de cinco anos. Sim, há bem mais de cinco anos», confirmou ele, tirando para fora uma velha carteira. «Tenho tudo anotado aqui. Posso dar-lhe as datas exactas, se quiser. É difícil mantê-las todas na memória. É provável que o meu processo até date de há mais tempo, pois começou logo a seguir ao falecimento da minha mulher, que se verificou há mais de cinco anos e meio.» K. arrastou a cadeira para ficar mais próximo do homem. «Então o advogado toma também conta de processos vulgares?», perguntou ele. Esta união entre o tribunal e a jurisprudência parecia-lhe invulgarmente tranquilizadora. «Com certeza», respondeu o comerciante, acrescentando em segredo: «Diz-se que ele ainda é melhor nas questões vulgares do que em quaisquer outras.»

<< Página Anterior

pág. 136 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 136

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179