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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 142

Então pensei: o que este advogado não faz, ou não quer fazer, outro o fará. Por isso procurei outros advogados. Devo dizer-lhe agora também que nenhum dos outros requereu alguma vez ao tribunal que designasse um dia para o julgamento do meu processo ou tentou obter um tal julgamento; é, efectivamente, impossível, salvo uma restrição a que me referirei mais adiante, e o advogado não me iludiu nesse particular, embora eu próprio não lamentasse o facto de ter contactado outros advogados. Suponho que o Dr. Huld lhe contou imensas coisas acerca dos advogados insignificantes e descreveu-os provavelmente como criaturas desprezáveis, o que, em certo sentido, eles são realmente. De qualquer maneira, ao falar deles e ao comparar-se a si e aos seus colegas com eles, comete sempre o mesmo erro, para o qual chamo, de passagem, a sua atenção. Cada vez que se refere aos advogados do seu meio, menciona-os como 'os grandes advogados' apenas para acentuar a diferença. Isto é falso; qualquer homem se pode intitular de 'grande', se ele quiser, é claro, mas, no caso dos advogados, o tribunal é quem por tradição deve decidir. De acordo com a tradição do tribunal, que reconhece tanto os pequenas como os grandes advogados, fora os advogados secretos, o nosso advogado e os seus colegas figuram entre os pequenas, enquanto os verdadeiros grandes advogados, acerca dos quais apenas ouvi falar, sem nunca -os ter visto, estão numa posição elevada, acima dos pequenas advogados, tal como estes estão acima dos classificados de insignificantes.» «Os verdadeiros grandes advogados?», inquiriu K. «Quem são eles então? Como é que uma pessoa os pode contactar?» «Então nunca ouviu falar deles», disse Block. «Não deve haver um acusado que não tenha sonhado durante algum tempo com eles depois de ouvir falar da sua existência. Não se deixe levar por essa tentação. Não faço ideia nenhuma de quem sejam os grandes advogados e não acredito que possamos chegar até junto deles. Não conheço um único caso em que se afirme terem eles intervindo. Eles defendem apenas certos processos, mas não nos é possível alcançá-los. Eles só defendem quem querem e não começam a trabalhar num processo senão quando este se encontra já fora da alçada do tribunal ordinário. O melhor é não se pensar neles, pois, de outra forma, as reuniões com os advogados vulgares começam a parecer tão insípidas e estúpidas, com os seus inúteis conselhos e propostas, tenho experiência disso, que uma pessoa sente é vontade de abandonar tudo e deitar-se, sem se incomodar com mais nada.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 142

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179