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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 165

A balaustrada exterior e a parte em alvenaria que ligava com a coluna eram lavradas com ramagens, aparecendo no meio delas pequenas anjos, uns alegres e outros calmos. K. subiu ao púlpito e estudou-os de todos os ângulos; o entalhe da pedra tinha sido feito com muito esmero, os espaços escuros por entre a folhagem formavam cavidades onde a ramagem parecia esconder-se; K. pôs a mão dentro de uma delas e contornou levemente a pedra; nunca tinha reparado na existência deste púlpito. Por acaso, reparou num sacristão que estava atrás da fila de bancos mais próxima, um homem envergando uma túnica preta, solta, segurando na mão esquerda uma caixa de rapé; fixava K. Que me quererá o homem.», pensou K. Parecerei eu uma pessoa suspeita? Quererá ele uma gorjeta? Quando, contudo, notou que K. se tinha apercebido dele, o sacristão começou a apontar com a mão direita, que ainda tinha um bocadinho de rapé nos dedos, numa direcção vaga. Os seus gestos não pareciam significar coisa alguma. K. hesitou por instantes, mas o sacristão não parava de apontar para qualquer coisa, dando ênfase aos seus gostos com movimentos de cabeça. «Que me quererá o homem?», disse K. em voz baixa, pois não ousava levantar a voz naquele lugar; então, puxou do seu porta-moedas e dirigiu-se para ele por entre os bancos. O sacristão, contudo, imediatamente recusou com um gesto, encolheu os ombros e desapareceu a coxear. Com uma maneira de andar muito parecida, uma deslocação rápida a coxear, que K. imitava frequentemente quando criança, como se fosse um homem a andar a cavalo. É um velho acriançado, pensou K, apenas com a capacidade suficiente para desempenhar a profissão de sacristão. Lá pára ele quando eu paro e me espreita para ver se o estou a seguir! Rindo para si próprio, K. continuou a seguir o homem através da nave lateral, quase na direcção do altar-mor; o velho continuava a apontar para qualquer coisa, mas K. recusava-se decididamente a olhar à sua volta para ver para onde estava ele a apontar, pois aquele gesto podia não ter outra finalidade que não fosse desembaraçar-se de K Por fim, desistiu da perseguição, não queria apavorar mais o velho; além disso, no caso de o italiano aparecer, havia toda a vantagem em não amedrontar o sacristão.

Quando regressava à nave à procura do lugar onde tinha deixado o álbum, K. reparou num pequeno púlpito lateral junto a um pilar, quase imediatamente a seguir ao coro, um púlpito sóbrio de pedra lisa e clara.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 165

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179