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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 28

K. encaminhou-se para as escadas para subir até ao Tribunal de Inquérito, mas parou de novo, pois viu no pátio outros três lanços de escadas e ainda uma pequena passagem no outro extremo, que lhe parecia dar acesso a um segundo pátio. Ficou aborrecido por lhe não terem dado uma informação mais exacta do local da sala. Estas pessoas mostravam uma estranha negligência ou indiferença na maneira como o tratavam, mas isso era uma coisa que ele tencionava dizer-lhes de uma forma muito positiva e clara. Finalmente, subiu as primeiras escadas e pensou na afirmação do guarda Willem, que dizia existir uma atracção entre a Justiça e a culpa, da qual se devia deduzir que o lanço de escadas que K. escolhesse devia conduzi-lo exactamente à sala onde funcionava o Tribunal de Inquérito.

Ao subir as escadas, perturbou muitas crianças que ali brincavam e que o olharam zangadas quando ele galgou os degraus entre as suas filas. «Se alguma vez cá voltar», disse para si próprio, «terei de trazer ou doces para os seduzir ou um pau para lhes bater.» Exactamente antes de atingir o primeiro andar, teve de aguardar um momento até um berlinde parar, pois duas crianças com os rostos vincados por rugas de adultos vividos se agarravam entretanto às suas calças. Se ele as tivesse sacudido, decerto as teria magoado e receou os seus gritos.

As suas pesquisas começaram efectivamente no primeiro andar. Como não podia indagar onde funcionava o Tribunal de Inquérito, inventou um marceneiro chamado Lanz — o nome veio-lhe à ideia porque o capitão, o sobrinho de Frau Grubach, se chamava Lanz — e começou a perguntar a todas as portas se um marceneiro chamado Lanz ali vivia e assim pôde olhar para dentro dos quartos. Isto teve como resultado conseguir o que queria, visto começarem a abrir-se as portas, com bandos de crianças a correrem para dentro e para fora. A maioria dos apartamentos consistia num quartinho com uma única janela, o qual também servia de cozinha. Muitas das mulheres seguravam bebés num dos braços e com o outro braço trabalhavam ao fogão. Raparigas meio feitas, que pareciam não trazer nada vestido senão um avental, corriam apressadamente de um lado para o outro. Em todos os quartos se viam as camas ainda ocupadas, ou por doentes ou par homens que ainda não tinham acordado, ou ainda por outros que descansavam vestidos. As portas que se conservavam fechadas, K batia e perguntava se um marceneiro chamado Lanz ali vivia.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 28

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179