Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: Capítulo 4

Página 62

Quando atravessou o vestíbulo de entrada, olhou de relance para a porta fechada do quarto de Fraulein Bürstner. Todavia, não fora pata ali que tinha sido convidado a entrar, mas sim para a sala de jantar, cuja porta abriu de repente e sem bater.

Era uma sala muito comprida e estreita, com uma janela larga. Só havia espaço para nela se introduzirem dois armários de esquina, de cada lado da porta, ficando o testo da sala cheio com a comprida mesa de jantar, que começava perto da porta e chegava mesmo até à janela, tornando a passagem quase inacessível. A mesa já estava posta, e para muita gente, visto que ao domingo quase todos os hóspedes comiam a refeição do meio-dia em casa.

Quando K. entrou, Fraulein Montag deixou a janela e caminhou ao longo da mesa ao encontro dele. Cumprimentaram-se em silêncio. Então Fraulein Montag começou a falar, conservando a cabeça muito hirta, como era seu hábito: «Não sei se o senhor sabe quem eu sou.» K. fitou-a com as sobrancelhas franzidas. «Com certeza que sei», respondeu ele. «Parece que já está há bastante tempo aqui em casa de Frau Grubach, não está?» «O senhor não presta muita atenção aos hóspedes, suponho eu», volveu Fraulein Montag. «Não, de facto», disse K. «Não quer sentar-se?», indagou ela. Em silêncio, ambos puxaram as cadeiras mesmo ao fundo da mesa e sentaram-se em frente um do outro. No entanto, Fraulein Montag levantou-se logo novamente para ir buscar a sua carteirinha, que tinha deixado ficar no parapeito da janela; arrastou-se até lá ao longo da sala. Quando regressou abanando levemente a carteira na mão, disse-lhe: LIA minha amiga pediu-me que transmitisse uma mensagem, é só isto. Ela queria vir pessoalmente, mas não se sente hoje muito bem. Pede-lhe que a desculpe e me oiça em vez de a ouvir a ela. Ela não lhe diria mais, de qualquer modo, do que eu lhe vou dizer. Pelo contrário, acho que, na realidade, lhe poderei dizer mais do que ela, visto que sou imparcial. Não acha que sim?»

«Bem, que tem a dizer-me?», perguntou K., que estava cansado de ver Fraulein Montag fixar-lhe os lábios. Aquela insistência já era a tentar dominar quaisquer palavras que ele quisesse proferir. «Fraulein Bürstner com certeza que se recusa a conceder-me a entrevista pessoal que lhe solicitei.» «É isso mesmo», respondeu-lhe Fraulein Montag, «ou antes, não é isso, o senhor está a pôr a coisa de uma maneira demasiadamente dura. É certo que, regra geral, as entrevistas não são deliberadamente aceites nem recusadas. Contudo, pode bem acontecer que se não veja necessidade de marcar uma entrevista, e este é o caso presente.

<< Página Anterior

pág. 62 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 62

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179