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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 85

«Outra vez apenas um juiz de instrução», disse K., desapontado. «Os mais altos funcionários conservam-se bem escondidos. Mas ele está sentado numa cadeira pomposa.» «Isso é tudo a fingir», respondeu Leni, com o rosto inclinado sobre a mão dele. «No que ele está realmente sentado é numa cadeira de cozinha, com uma manta velha dobrada debaixo dele. Mas você tem de estar continuamente a magicar no seu processo?», perguntou ela lentamente. «Não, não, de maneira nenhuma», respondeu K. «De facto, o que provavelmente faço é pensar muito pouco nele.» «Esse não é o seu mal», disse Leni. «O que sucede é que o senhor é demasiado inflexível, foi o que ouvi dizer» «Quem lhe disse isso?», inquiriu K.; sentia o corpo dela contra o seu peito e olhava-lhe para os fartos cabelos negros bem presas. «Divulgaria um segredo se Iho dissesse», respondeu a rapariga. «Por favor não me pergunte nomes; em vez disso, aceite o meu aviso e de futuro não seja tão inflexível, pois não conseguirá lutar contra esta justiça e terá de confessar-se culpado. Faça a sua confissão na primeira oportunidade que lhe derem. Até o fazei não conseguirá de modo algum ver-se livre das suas garras. Contudo mesmo nesse caso, só terá essa possibilidade com uma ajuda exterior, mas não se preocupe com isso, pois eu própria tratarei do caso.» «Você percebe muito deste tribunal e dos enredos que nele predominam!», comentou K., puxando-a para cima dos seus joelhos, visto que ela, encostada como estava, exercia peso de mais contra ele. «Assim é melhor», disse ela, acomodando-se no seu colo, alisando a saia e esticando a blusa. Em seguida passou-lhe as mãos pelo pescoço, inclinou-se para trás e ficou a olhar para ele durante muito tempo. «E se eu não me confessar culpado, já não me pode ajudar?», perguntou K., como a experimentá-la. Parece que tenho tendência para recrutar adeptas para me ajudarem, pensou ele quase surpreendido; primeiro foi Fraulein Bürsrner, depois a mulher do oficial de diligências e agora esta enfermeirazinha, que aparenta sentir um desejo incompreensível por mim. Senta-se aqui no meu colo como se este fosse o lugar mais próprio para ela se sentar! «Não», respondeu Leni, abanando a cabeça com suavidade, «nesse caso, não poderei ajudá-lo. Mas o senhor não quer de maneira nenhuma o meu auxílio, não lhe interessa, o senhor é teimoso e nunca se deixará convencer.» Passados uns momentos, ela perguntou: «Tem alguma amante?» «Não», respondeu K. «Ah, tem sim», disse ela. «Bem, pois tenho», cedeu ele. «Calcule que eu estava a negar a existência dela e, no entanto, trago a sua fotografia comigo.» Por insistência dela, mostrou-lhe a fotografia de Elsa; ela estudou-a toda aconchegada no seu colo.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 85

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179