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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 94

Por fim, decidiram que o melhor seria fatigar o velho funcionário. Um após outro, os advogados corriam escada acima de modo a oferecer a maior das resistências passivas, deixando-se atirar de novo para os braços dos seus colegas. Isto durou cerca de uma hora e o velho funcionário — que já se sentia exausto devido ao trabalho nocturno — ficou realmente tão cansado que regressou ao seu gabinete. A princípio, os advogados lá em baixo nem queriam acreditar e mandaram subir um deles para se assegurar de que a sala estava realmente livre. Só então puderam entrar e provavelmente nem a murmurar se atreveram, pois, embora o mais insignificante advogado possa ser, até certo ponto, capaz de analisar a situação dentro do tribunal, nunca ocorreu aos advogados a possibilidade de introduzir ou insistir numa reforma do sistema, enquanto — e isto era muito característico — quase todos os réus, mesmo os mais simples entre eles, descobriram, desde as primeiras fases dos processos, um interesse pelas reformas que frequentemente os obrigava a perder tempo e energias que poderiam ser empregues com melhores resultados noutras coisas. A única atitude sensata era uma pessoa adaptar-se às condições existentes. Mesmo que fosse possível melhorar um pormenor aqui ou ali — e era simples loucura pensar nisso —, qualquer vantagem resultante dessa alteração só no futuro beneficiaria os clientes, enquanto os próprios interesses de quem a tivesse feito seriam imensamente prejudicados por atraírem a atenção dos sempre vingativos funcionários. Tudo menos isso! Uma pessoa deve conservar-se calma, ainda que isso choque com a sua maneira de ser, e tentar compreender que esta grande organização se mantém, por assim dizer, inalterável e que, se alguém se dispuser a modificar a disposição das coisas que giram à sua volta, corre o risco de perder o pé e cair na destruição, enquanto a organização simplesmente se corrigiria por meio de uma reacção compensadora noutro sitio do seu maquinismo — desde que tudo se encontra ligado — e continua imutável, a não ser que, na realidade, o que é muito provável, se torne ainda mais rígida, mais vigilante, mais severa e mais implacável. Por isso se deve efectivamente deixar que os advogados executem o seu trabalho em vez de os perturbar. As censuras não eram de grande utilidade, especialmente quando o ofensor não tinha capacidade para distinguir as razões que as fundamentavam; apesar disso, não se podia deixar de dizer que K tinha prejudicado grandemente o processo com a sua falta de cortesia para com o chefe de repartição do tribunal.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 94

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179