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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 95

Aquele homem influente podia ter já sido riscado da lista dos que podiam fazer alguma coisa por K. Agora, ignora-a, claramente de propósito, a mais leve referência ao caso. Em muitas coisas, os funcionários eram como as crianças, Podiam sentir-se frequentemente tão ofendidos com a mais simples das ninharias — infelizmente, o comportamento de K. não se podia classificar de ninharia — que deixariam de falar mesmo aos velhos amigos, mostrando-lhes indiferença e opondo-se-lhes de todas as maneiras possíveis e imaginarias. Contudo, de repente, da maneira mais surpreendente e sem uma razão especial, riem-se de qualquer insignificante graça a que uma pessoa só se atreve por sentir que já nada tem a perder, e depois disto tornam-se amigos outra vez. De facto, torna-se fácil e, ao mesmo tempo, difícil lidar com eles, na medida em que não é possível traçar uma directriz e segui-la nos seus contactos com eles. Algumas vezes fica-se surpreendido ao pensar que o tempo vulgar da vida de uma pessoa chega para reunir todos os conhecimentos necessários ao desempenho de uma profissão com um razoável sucesso. Sem dúvida que há horas mas, tais como aquelas que têm todas as pessoas que nada conseguiram alcançar, aquelas em que parece que só os casos que desde o principio foram predestinados a êxito chegaram a bom termo e que a ele chegariam de qualquer maneira e sem a colaboração de outrem, enquanto qualquer dos outros estava sentenciado a falhar, apesar de todas as manobras, todas as diligências, todas as vitoriazinhas enganadoras com as quais se envaidece. Isto era um estado de espírito, é claro, no qual absolutamente nada parecia certo, e assim ninguém podia categoricamente negar, quando interrogado, que a sua intervenção pudesse ter desviado casos que teriam corrido bastante melhor e pelo caminho certo se tivessem sido deixados andar por si próprios. Uma espécie desesperada de autoconfiança, em boa verdade, era, todavia, e em tais ocasiões, a única coisa que existia. Estas disposições, pois não passavam de simples disposições, nada mais, angustiavam os advogados, muito especialmente quando um processo que até então tinha sido conduzido satisfatoriamente até ao ponto desejado lhes era subitamente arrancado das mãos. indubitavelmente, isto era, acima de tudo, a pior coisa que podia acontecer a um advogado. Não que um cliente jamais dispensasse o advogado escolhido de conduzir o seu processo; tal coisa nunca acontecia, uma vez que um acusado, uma vez tendo designado um advogado, devia ficar com ele, acontecesse o que acontecesse. Como podia ele desembaraçar-se sozinho se tinha chamado alguém para o ajudar? Nunca, pois, tal acontecera, mas aconteceu algumas vezes ter o processo tomado um rumo tal que o advogado não mais conseguiu segui-lo.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 95

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179