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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 101
Freddy Malins declarou que certo chefe de tribo negra que cantava na segunda parte da pantomina Gaiety, tinha uma das melhores vozes de tenor que ele escutara na sua vida.

- Já o ouviu? - perguntou ele a Mr. Bartell, através da mesa.

- Não - respondeu Mr. Bartell, negligentemente.

- Gostava de ouvir a sua opinião acerca desse cantor. Penso que tem uma voz estupenda...

- Freddy descobre sempre coisas boas - afirmou Mr. Browne, familiarmente, para as pessoas que ali estavam reunidas.

- E por que razão não há-dé ter boa voz! Só por ser preto?...

Ninguém respondeu àquela pergunta, e Mary Jane tornou a levar a conversa para a ópera. Um dos seus alunos oferecera-lhe um bilhete para a Mignon. Na verdade, tinha gostado, mas ficara a pensar na pobre Georgina Burns. Mr. Browne falou nas velhas companhias italianas que costumavam cantar em Dublin - Fietjeus, Ilma de Murzka, Campanini, o grande Trebelli, Ginglini, Ravelli e Aramburo. Nessa época é que valia a pena ouvir bel-canto em Dublin. Descreveu como as galerias estavam cheias, noites e noites a fio, e como, em certa ocasião, um tenor italiano tinha bisado cinco vezes determinada ária, e como os rapazes, cheios de entusiasmo, haviam desatrelado os cavalos dos carros das primas-donas, levando-as através das ruas, até aos seus hotéis... Por que motivo não cantam agora as grandes óperas Dinorah, Lucrécia Borgia? Porque não conseguiam arranjar vozes para as cantar, era o que era!...

- Bem - disse Mr. Bartell d' Arcy - eu presumo que há agora tão bons cantores como antigamente.

- Onde estão eles? - perguntou Mr. Browne com ar de desafio.

- Em Londres, Paris e Milão - disse Mr. Bartell acaloradamente. - Suponho que Caruso, por exemplo, é tão bom, senão melhor, do que qualquer desses que mencionou...

- Talvez - disse Mr. Browne. - Mas duvido...

- Oh!. .. Eu dava tudo para ouvir Caruso cantar! - disse Mary Jane.

- Para mim - disse a tia Kate, que tinha um osso na mão - só houve um tenor que me agradasse! Mas suponho que nenhum de vocês ouviu falar dele...

- Quem era, Miss Morkan? - perguntou amavelmente Mr. Bartell.

- Chamava-se Parkinson. Ouvi-o quando estava no apogeu, e penso que é a voz mais pura de tenor que conheço!...

- É estranho - disse Mr. Bartell. - Nunca ouvi falar nesse nome.

- Sim, sim, Miss Morkan, tem razão!... - respondeu Mr. Browne. - Lembro-me de ter ouvido falar no velho Parkinson, mas não é do meu tempo...

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 101

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86