Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 10: Capítulo 10

Página 107

Gabriel fez um círculo com as suas galochas, entre os risos de todos os presentes.

- A roda, sempre à roda - disse Gabriel. - E o velho senhor, que era todo pomposo, ficou muito indignado. «Vá para a frente, senhor! O que quer isto dizer, senhor? Johnny, Johnny! Mas que conduta tão extraordinária! Não posso compreender o cavalo!...»

As gargalhadas que se seguiram à imitação de Gabriel foram interrompidas por uma pancada na porta. Mary Jane foi abrir e entrou Freddy Malins. Este, com o chapéu para trás e os ombros curvados pelo frio, informou:

- Só consegui arranjar um trem!...

- Bem, nós encontraremos outro pelo caminho - disse Gabriel.

- Sim, é melhor não fazer Mrs. Malins estar mais tempo à espera.

Ajudaram Mrs. Malins a descer a escada e, depois de muitas manobras, içaram-na para o trem. Freddy Malins subiu atrás dela e demorou um bocado a sentá-la, ajudado por Mr. Browne. Quando ficou confortavelmente instalada, Freddy Malins convidou Mr. Browne a subir. Houve uma grande confusão de conversas, mas Mr. Browne acabou por entrar. O cocheiro pôs a manta por cima das pernas e dobrou-se para perguntar a morada. A confusão tornou-se maior, porque cada um dos cavalheiros falava simultaneamente da sua janela.

A dificuldade era saber onde deixar Mr. Browne. A tia Kate, a tia Julia e Mary Jane também ajudaram à discussão. Freddy Malins não podia falar, de tal maneira se ria. Deitava a cabeça de fora da janela, em todas as ocasiões, com grande perigo para o seu chapéu alto e contava à sua mãe como a discussão estava a desenvolver-se até que, por fim, Mr. Browne gritou para o cocheiro:

- Sabe onde é o Colégio Trinity?

- Sei, sim, senhor - disse o cocheiro.

- Bem, então vá até lá - informou Mr. Browne. - Depois nós lhe explicamos. Percebeu agora?

- Sim, senhor - disse o cocheiro.

- Voe como um pássaro para o Colégio Trinity.

- Sim, senhor!...

O carro partiu, no meio de uma gargalhada geral.

Gabriel não acompanhara os outros até à porta. Ficara num recanto escuro do hall, olhando para as escadas, fitando um vulto feminino, parado no cimo do primeiro lanço, também na sombra. Ele não lhe podia ver a cara, mas podia ver as almofadas da sua saia, que a escuridão fazia parecer branca e preta. Era sua mulher. Ela permanecia dobrada no corrimão, escutando qualquer coisa. Gabriel estava surpreendido com a sua quietude, e prestou atenção a ver se percebia algo.

<< Página Anterior

pág. 107 (Capítulo 10)

Página Seguinte >>

Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 107

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86