Uma luz começou a brilhar no horizonte do seu pensamento. Ainda não estava velho para começar - trinta e dois anos. O seu temperamento devia estar no ponto exacto da maturidade. Havia tantas impressões que desejava exprimir em verso!... Tentou pesar a sua alma para ver se era uma alma de poeta. Melancolia era a nota dominante do seu temperamento; mas era uma melancolia misturada com o renovo da esperança, da resignação e da simples alegria. Se ele conseguisse exprimir tudo isso num livro de poemas, talvez os homens o escutassem. Nunca seria popular: isso, sabia-o bem. Não dominaria as multidões, mas poderia ter um pequeno círculo de simpatizantes. Os críticos ingleses poderiam reconhecê-lo como um poeta da Escola Céltica, pelo tom melancólico dos seus poemas. Começou a inventar sentenças e frases da crítica que o seu livro mereceria: «Mr. Chandler tem o condão do verso fácil e gracioso...», «Uma ardente tristeza se esvai dos seus poe-mas...», «O género céltico»... Era uma pena o seu nome não parecer mais irlandês. Talvez fosse melhor meter o nome de sua mãe antes do apelido: Thomas Malone Chandler, ou ainda melhor: T. Malone Chandler. Falaria a respeito daquilo com Gallaher.
Ia tão distraído a pensar que ultrapassou a rua e teve que voltar para trás. Ao passo