Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: Capítulo 4

Página 37
Poucos segundos depois ele abriu os olhos e olhou em redor, para o círculo de caras, e, percebendo, tentou levantar-se.

- Está bem agora? - perguntou o rapaz de fato de ciclista.

- Isto não é nada - disse o homem fazendo um esforço para se levantar.

Ajudaram-no a pôr-se de pé. O gerente disse qualquer coisa acerca de um hospital e alguns dos circunstantes deram conselhos. O chapéu de seda amolgado foi-lhe colocado na cabeça. O gerente perguntou:

- Onde é que vive?

O homem, sem responder, começou a puxar as pontas do seu bigode. Tomou o acidente como sendo sem importância. Aquilo não era nada, disse, «unicamente um pequeno acidente». Falava muito cerrado.

- Onde é que vive? - repetiu o gerente. Pediu para lhe arranjarem um trem.

Enquanto o caso estava a ser debatido, um outro homem alto e ágil, aloirado, veio de um canto do bar. Vendo o espectáculo, chamou:

- Olá, Tom! Que foi que aconteceu?

- Não foi nada - disse o primeiro.

Aquele que chegara, olhou para o deplorável estado do outro e, voltando-se para o agente, disse:

- Está bem, senhor. Eu o levarei a casa.

O polícia tocou no boné e respondeu:

-Está bem.

Mr. Power, agarrando o seu amigo pelo braço, perguntou:

- Não tens os ossos partidos? Podes andar?

O rapaz de fato de ciclista agarrou-lhe no outro braço, e a multidão dividiu-se.

- Como é que te meteste nesta embrulhada? - perguntou Mr. Power.

- O senhor caiu pelas escadas abaixo - disse o rapaz.

- Estou-lhe muito agradecido, senhor- disse o ferido.

- Não tem de quê.

- E temos uma coisinha a…?

- Agora não. Agora não.

Os três deixaram o bar. O gerente trouxe a polícia até à escada para inspeccionar o local onde se dera o incidente. Concordaram em que o senhor devia ter posto um pé em falso. Os fregueses voltaram para o balcão e um criado foi limpar o sangue do soalho.

Quando se acharam na Rua Grafton, Mr. Power assobiou para um trem. O ferido repetiu o melhor que pôde:

- Estou-lhe muito agradecido, senhor.

Espero tornar a vê-lo. O meu nome é Kernan.

O choque e a dor tinham-no praticamente tornado sóbrio.

- Não fale nisso - disse o rapaz. Apertaram-se as mãos. Mr. Kernan foi içado para o carro, e enquanto Mr. Power dava a direcção ao cocheiro, ele expressava a sua gratidão ao rapaz e dizia que lastimava não poderem tomar uma bebida juntos.

<< Página Anterior

pág. 37 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 37

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86